FIASCO DO TER
FIASCO DO TER
Me imagino contido no frasco,
Em que coube o meu crânio,
Num resguardo de puro alabastro,
Envolto no odor de um gerânio.
Mas percebo o triste fiasco,
Do nada incutido que faço,
Se apenas sucumbe ao asco,
No corpo agora descalço.
Pois a trilha exige a coragem,
De todo bastão que passamos,
Onde o cerne de toda viagem,
É ilusão que nunca avistamos.
E me vejo lá embalsamado,
No corpo já sem conteúdo,
Pois sinto não ser mais amado,
Se agora sou só meu luto.
Então fico tão encafifado,
De usar o que fiz ou pensei,
Sem ter segredo guardado,
E ser bem mais do que sei.
E assim vejo o quanto é frágil,
O poder temporal de um ser,
Se até um simples contágio,
Nos leva o orgulho do ter.
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Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 31/12/2020
Alterado em 31/12/2020