BOCA DE SINO E TORTURA

BOCA DE SINO E TORTURA

Garapa da cana, num dia nublado,
Deve ser tomada sentado à mesa,
Mas tenha certeza de estar ao lado,
De quem tu amas com certeza.

Se essa é a razão que nos garante,
Pois sem ter amor de que adianta,
Então vá correndo e passe adiante,
Senão fica atrás e nada se planta.

É assim que me lembro da juventude,
Com boca de sino e cabelo grande,
Buscando se impor em cada atitude,
Mesmo que isso não fosse adiante.

O tempo dos Beatles ficara pra trás,
E o que sobrou estava escondido,
Pois os ditadores roubavam demais,
Até saqueando meu sonho contido.

Foi dessa maneira, sem poder saber,
Que tudo era imposto ou desconstruído,
E no que deixavam o povo viver,
Sobrou a agonia de sermos vencidos.

Diziam a todos que éramos livres,
Cantavam só hinos louvando ao ianque,
Calavam a mídia para seus trambiques,
Deixando pra nós um futuro estanque.

Mas foi recordando meus dias de dor,
Que rasgo o passado pois quero o agora,
Pois ontem sobrava a tortura sem flor,
Mas hoje eu sei que é chegada a hora.

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