FALAR DE LIBERDADE
FALAR DE LIBERDADE
Como falar de liberdade,
Se estou preso à noite eterna?
Como andar pela cidade,
Quando a vida já se encerra?
Eu nem mais vou ao mercado,
Senão, apanho e vou morrer,
Ou lá me marcam como gado,
Que um dirigente vai comer.
Nem mesmo em um só dia,
Eu poderei comemorar,
Pois ver meu féretro contagia,
O cemitério que vai alagar.
Assim se encerra a nostalgia,
Da livre África na memória,
Perante soturna melancolia,
De ser escravo na história.
Mesmo que achem que eu mereça,
Eu nunca vou me entregar,
Nem quero que meu filho esqueça,
O que deixei no além mar.
Foi liberdade e alegria,
Estar na sombra do baobá,
Num por do sol que me servia,
Como verdade em ter um lar.
É dessa cor de escuro ébano,
Marcada no pulso no povo,
Que a elite espúria só judia,
Matando-nos agora e de novo.
Poeta Braga Costa ©2020
Canyons for Freedom
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 27/11/2020