NO MEU DESTEMPERO
NO MEU DESTEMPERO
Todo dia vinte de cada novembro,
Me volto pra terra e a minha raiz,
Mesmo que o dia esteja chovendo,
Meu ventre demonstra a minha matiz.
Será enquanto estiver nessa vida,
No meu destempero de antirracista,
Porque tudo cala perante a ferida,
Pela anestesia de um vice artista.
Surtando ao ser índio, sem reconhecer,
O espelho responde a quem perguntou,
Na farda que faz meu nariz retorcer,
Pois quer o silêncio dos que já matou.
E assim não teremos mais negros aqui,
Pois usaram eugenia pra nos clarear,
Dizendo aos pardos que cubram o ori,
Pois negras cabeças irão massacrar.
É assim nas esquinas, lojas e favelas,
Ou em um buzú que nos leva pra feira,
Quando preta é a cor presa nas celas,
Ou o gato é pardo e a bruxa é rameira.
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Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 25/11/2020