MINHA CAIXA ME SERVE
MINHA CAIXA ME SERVE
São quatro lados,
E há estações,
Mas o meu quadrado,
Perdeu emoções.
Se olho pra frente,
Os olhos não enxergam,
Se a vista é doente,
Os anos me cegam.
Se olho pra trás,
Quebro o pescoço,
Vendo o que jaz,
Desde que fui moço.
Então há os lados,
Que vertem o arroio,
E os pés inchados,
Não servem de apoio.
Então só sobraram,
As quatro estações,
Que não prosperaram,
Nos céus dos sertões.
E no meu quadrado,
Findou-me a emoção,
No quanto eu valho,
Sem meu coração.
Pois sangro uma lágrima,
Desnudada num pátio,
Sobrevivendo esquálida,
Sem pão ou carpaccio.
Somente minha caixa,
Me serve então,
Na morte que taxa,
O meu sim e o meu não.
Pois não levarei,
Daqui um só tostão,
Se nada ganhei,
Senão uma ilusão.
🌪️🌀🌪️
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 10/10/2020