MEU VÔO DE PLUMA

Meu vôo de pluma

Era mesmo um dia ventoso,
E as correntes de ar já me levam,
Desde antes de ser dinossauro,
No adorno das aves no inverno.

Eu ajudo no vôo dos pássaros,
Se ainda estou nos seus corpos,
Mas também suavizo os paços,
Sendo flor no cocar sobre um torso.

Mas o vento me leva bem longe,
Ou me deixa perto de você,
Se a brisa me quer a sorrir,
E você acha belo me ter.

Pois eu trago beleza e história,
Quando até uma ave revoa,
Sobre os campos, atóis e lagoas,
Vendo morros e escarpas em Tróia.

Se existo bem antes da história,
Dos primatas andando no mundo,
Fui preciso na geleira simplória,
E acalanto ao frio como abrigo.

Meu encanto é recanto de glória,
Pleno vôo além das sereias,
Pois não sou a escama do peixe,
Mas um feixe de plumas que entoa.

Nos pulmões aquecidos das aves,
Tão canoras como as sabiás,
Vejo os sons e suspiros suaves,
Num estribilho de vida a planar.