MURO & CATRUPIA
MURO & CATRUPIA
Vou procurar um novo muro,
Para expiar minha lamentação,
E o novo holocausto sem futuro,
De todo escravo daquela nação.
Por isso eu planto minha poesia,
E embalo verdades na extrema unção,
Confronto as fardas e a catrupia,
Mesmo diante da sede e do ladrão.
Mas ele só rouba o que ainda almejo,
Pois tenho o desejo da fome aplacar,
Enquanto ressono com todo bocejo,
Que me traz lampejos ao acordar.
Do sono profundo que finda o dia,
Se meu ataúde não tem coração,
E o corpo já treme na febre tardia,
Que mata o povo sem ar no pulmão.
Enquanto não vejo o que procuro,
Eu caio na porta de um hospital,
E não há tempo pra vida de Nero,
Se as cítaras queimam no recital.
E o réquiem eu toco para as milícias,
Se aquele Senado sangrou e morreu,
E "tutta la mafia" está nas "famiglias",
Perante a justiça de um Judas ateu.
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Publicada no Facebook em 03/04/2020
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 14/09/2020