SOZINHO NAS CINZAS
SOZINHO NAS CINZAS
Meu caminho não é um tapete,
Minha vida é mais que paixão,
Meu convívio já não é o deleite,
Dos viajantes buscando emoção.
Meus espinhos ferem o ninho,
Mesmo alçado distante do chão,
Pois me vejo andando sozinho,
Com as flechas da minha ilusão.
Nessa vida de viés social,
Os caminhos não mais se convergem,
E cada um é um ser marginal,
Nos destinos que só nos divergem.
Faz tempo que não encontramos,
Vizinhos ou mesmo os parentes,
Para termos a taba que amamos,
Se pensamos já tão diferentes.
Não ouvimos a Sócrates e Platão,
Nem mais temos um sábio griô,
Com os ninhos jogados ao chão,
Sem rios de livros ou fogo-pagô.
Estamos sozinhos em desencantos,
Porque as abelhas e aves se foram,
Fugindo das cinzas nos cantos,
Do fogo que tudo queimou.
E assim nós fomos incinerados,
Sem perceber nem sermos adubo,
Sem replante que salve os roçados,
Quando achamos ser donos de tudo.
💭🔥💭
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 03/09/2020