TORMENTA E MEMÓRIA
TORMENTA E MEMÓRIA
Alguns dias tudo embola,
E a memória é tormento,
Com a resina que não cola,
Ou no âmbar que alimento.
Pois os fósseis de outrora,
Guardam mais que um segredo,
Sendo parte da memória,
Que um dia me deu medo.
Eram folhas tão medonhas,
Galhos que não alcançava,
Seres com tantas peçonhas,
Muito além do que pensava.
E fui vindo e recriando,
Encerrando alguns ciclos,
Mergulhando no oceano,
Reciclando meus vacilos.
Só assim cheguei no agora,
Depois de tanto mesclar,
Minha mente que evapora,
Desfolhada e sem pensar.
Muito embora eu comemore,
A sobrevida ante a tormenta,
Pois a dor que me acolhe,
Se traduz numa comenda.
Quando busco ser feliz,
Diante de tanta tristeza,
Que a desdita sempre quis,
Mas não é minha certeza.
Se a vida faz trapaça,
A quem sempre tem valor,
Dando vez à desgraça,
Quando o mal é o pretor.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 09/07/2020