MILHO DE UM ACALANTO
MILHO DE UM ACALANTO
O espantalho é sorriso,
No meio do milharal,
Mas o seu oco juízo,
Se vai em um vendaval.
E o vento logo rasga,
A palha que balança,
Se uma espiga ofega,
Diante daquela dança.
Então quero entender,
O que ela nem pensa,
Se é que vou saber,
Qual é sua licença.
Será que o gesto é animal?
Se eu sou só neurônios,
Será que plantas são igual?
Se eu creio em demônios.
Mistério é zona abissal,
Se no escuro não enxergo,
E ao imaginar meu final,
O milho veria o inferno.
Mesmo se não plantar,
A natureza germina,
Então sou sombra do ar,
Ao Sol que vai na esquina.
Vendo o frio a me congelar,
Se as cigarras nem cantam,
Seja na fábula ou sob o luar,
Os milhos só me encantam.
Naquela noite no altar,
A agradecer com meu canto,
Vi pirilampos a voar,
Com luzes de um acalanto.
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Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 31/05/2020
Alterado em 31/05/2020