A GUERRA DE HOJE
A GUERRA DE HOJE
Quando olho pra terra que arde /
Penso num Sol avassalador /
Olho as nuvens sem um alarde /
Penso num ceu sem pudor.
Vejo a parte que logo me cabe /
Pra quem não sabe quem sou /
E que não cabe agora no mundo /
Mas que em segundos já estou.
Percebo o andar dessa carruagem /
Nas novas roupagens do Petit Gateau /
Quando misturam toda vaidade /
E já não tenho nem mesmo um amor.
Num mundo feroz ante a paisagem /
Deserta de tanto sentir só ardor /
Que tira a água e deixa a miragem /
Matando a esperança do velho senhor.
Que masca seu fumo já sem coragem /
Pois nessa viagem sentiu tanta dor /
De nunca ter água, mas só estiagem /
Faltando a jacu e sobrando o condor.
De tanta carniça que hoje impera /
Nem mesmo a espera em Nosso Senhor /
Nos cura a ferida que já prolifera /
Mas sonho com a paz que trago no andor.
Pois a guerra de hoje só nutre a ganância /
E nos tira a infância que já se foi /
Pois querem os sonhos sem tolerância /
Numa cartilha rezada só para depois.
Se hoje o escravo que sou não entendo /
Nem mesmo o remendo que trago no peito /
Pois sou atirado e jogado na vala /
Se nada resvala num corpo desfeito.
Pois já não tem jeito a voz que me cala /
Se na ferrovia da próxima escala /
Me jogam de volta naquela senzala /
Na dor que eu sinto, se já não tem jeito.
🔥🤐💥🤔🔥
Publicada no Facebook em 13/03/2020
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 23/05/2020
Alterado em 23/05/2020