A FORNALHA DO IMPERADOR
A FORNALHA DO IMPERADOR
Escorro meu sangue,
Num pote qualquer,
Inundando o mangue,
Quando sobe a maré.
No sopé da Chapada,
Num dilúvio pra ver,
Pois o tempo não é nada,
Que meu juízo há de ser.
E levito nas nuvens,
Que não querem calar,
Mas meu céu é fornalha,
Do louco imperador.
Que tocou fogo em Roma,
Ou no meu corredor,
Pois a fumaça me chama,
E me traz tanta dor.
Meus pulmões se inflamam,
No meu longo estertor,
Que me faz tão pequeno,
E sem nem um amor.
Então vi pela noite,
Os clarões num vigor,
Que agora eu só chovo,
Para apagar toda dor.
°°=°°
Publicada no Facebook em 06/02/2020