PERDENDO O BRASIL
PERDENDO O BRASIL
Era verdade! Dizia minha avó,
Mesmo estando naquela idade,
Vindo a morar na cidade,
Ela ainda se via tão só.
Solidão é lamento,
De viver ao relento,
Rosto exposto ao vento,
Solidão é um nó!
E a corda só arrebenta,
Quando o nó não mais aguenta,
Ante a grande tragédia ou tormenta,
Que nem deixa limpo um lençol.
E as camas logo se resvalam,
Sobre um chão que se suja e esfrega,
Quando o pau de sebo escorrega,
Se o corrimão não escora.
E eu nem sou português,
Pra pensar no reinado,
Que ficou logo ao lado,
Na usurpa do reino inglês,
E as perdas só mudam,
Nos tons das bandeiras,
Em galeões ou traineiras,
Que no oceano se cruzam.
Mas nossas praias devoram,
Todo petróleo como lixo,
Em que nós somos o sacrifício,
E no ardor da pira penhoram.
E vamos perdendo o Brasil,
Sem a certidão de outorga,
Pois só a tortura importa,
Pra quem não sabe viver.
Mas quem tem prazer pela dor,
Pois Sade desdenhava da vida,
E a liberdade é desdita,
Pra quem dissemina o terror.
Em terra sem livre imprensa,
Poetas e livros não importa,
academia só lhes serve morta,
E falar traz medo e pavor.
Não serve mais o professor,
Pois pensamento é afronta,
E balbúrdia é quem encontra,
Sucesso em um bom doutor.
E foi perdendo o Brasil,
Que o povo soltou seus demônios,
Guardados como em quelônios,
Pois a carapaça já se partiu.
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Publicada no Facebook em 28/01/2020
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 26/04/2020