SOMENTE AS NUVENS ME ESCONDEM DO SOL
SOMENTE AS NUVENS ME ESCONDEM DO SOL
Quando me vejo numa escarpa,
Qual Prometeu bem diante da águia,
Com suas garras rasgando em farpas,
Nem mesmo as nuvens me livram do Sol.
Mas de repente estou num avião,
Com minhas asas abertas ao vento,
Onde eu vejo até um falcão,
Se mostrando a piar num lamento.
Pois o sertão está sofrendo,
Diante das usinas de cana e o sal,
Nas senzalas que já não aguento.
Com iabás e mucamas sofrendo,
Carregando os filhos que brotam,
Somente as nuvens me escondem do Sol,
E dos abusos sem dó que nos matam.