CONSIDERAÇÕES SOBRE O "SER NORDESTINO"
CONSIDERAÇÕES SOBRE O "SER NORDESTINO"
Se olharmos para o espaço brasileiro, desde a sua colonização portuguesa, veremos que o Nordeste, uma região estigmatizada pela caatinga, não pode ser apenas o que um dos seus biomas nos mostra, mesmo que este seja bastante representativo e impregnado na cultura da região.
Ao rever as características de outrora iremos perceber que a Bahia, mesmo respondendo pela maior fatia da "zona da seca", até antes da 2ª Guerra Mundial era parte de outra região.
Todavia, não há como desconectar a Bahia do espaço nordestino, já que o destino sempre teceu suas teias, ligando as histórias desse espaço 'sui generis', que tem um falar, uma cultura e uma culinária tão típica e intimista, onde os bodes e a macaxeira se mostram autênticos.
A história da região saltita por momentos bem díspares do que se pretenderia dizer como um estar lusitano, pois teve os domínios dos espanhóis e holandeses por longos períodos, se mostrando um oásis de resistência e fulgor - mesmo quando a rebeldia dos palmarinos foi decantada pelas terras alagoanas, que mesclava a seca de um lado e a alta pluviosidade da zona da mata ou das bordas amazônicas, que se aproximam do Caribe e do equador.
Para o bem do Brasil, que começa a mostrar os verdadeiros rostos do seu povo multiétnico, com os rompantes de arianismo e de preconceito para com negros e demais povos autóctones, vislumbro como coerente os ideais libertários, mas com o viés da proclamação de regiões autônomas, como é um exemplo a Catalunha no contexto espanhol, que não impõe a separação total da Espanha, mas tem sua administração focada nos ideais da territoriedade catalã.
Há muito tempo, desde as grandes secas que assolaram a Bahia e todo o ombro do Brasil, que o restante do país desdenha pejorativamente dos sofridos retirantes nordestinos, sem saber que bem ali, como também pensavam os estadunidenses em relação aos estados sulistas que estavam afetos às áreas desertas do Arizona, do Colorado e tantos outros espaços que foram anexados ou comprados do México, se podia encontrar outras riquezas, sem falar na qualidade do seu povo.
Se olharmos para o lado econômico, iremos ver que somos auto-suficientes em bastante coisa, como no tempero e especiarias, no sal, nas frutas, nos vinhos, cachaças & licores, na água mineral, nas cervejarias, na soja, café, cacau, dendê, algodão, celulose, borracha, guaraná, castanha, mel, laranja, cocô verde, carnaúba, pupunha, açaí, açúcar, gado de todos os gêneros, pecuária de corte e leiteira, haras, turismo ecológico, histórico e de praia, carnaval, festas juninas, piscicultura, carcinicultura e maricultura, costa pesqueira extensa, arquipélagos de Abrolhos e Fernando de Noronha, petroquímica, refinarias de petróleo, gás e biodiesel, energia hidráulica, solar e eólica abundante, mineração diversificada, gesso, mármore, granito, minerais raros, ouro, pedras preciosas e quartzos, bauxita, minério de ferro, poços de petróleo, vanádio, cobre, níquel, urânio, biodiversidade de vários climas e biomas, Chapada Diamantina, indústria fumageira, portos e aeroportos internacionais, literatura e música de qualidades inquestionáveis, religiosidade ampla, 1ª Santa católica brasileira, heróis da Independência do Brasil e muito mais, que alongaria em muito essa lista.
Está mais que na hora dos sulistas, que só percebem os nordestinos como baianos ou paraíbas, numa referência jocosa e vil, retirarem as nossas amarras e trancas, nos dando o direito de sermos Senhores de nosso destino, pois iremos provar ao restante dos brasileiros, de que viemos primeiro para gerar uma nação; e queremos respeito, por sermos brasileiros, mas sobretudo por um "Ser Nordestino!"
Publicado no Facebook em 17/09/2019