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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
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MEU NAVIO CORSÁRIO CONFLITANDO OS TIRANOS

MEU NAVIO CORSÁRIO CONFLITANDO OS TIRANOS

Em mares de botos e fiéis cachalotes,
Que furavam o profundo dos vales abissais,
Vendo lulas e algo no fundo das almas,
Já não há mais a calma, só luta sem paz.

Os piratas pensavam ser meros corsários,
Sem olhar pro berçário bem logo à frente,
Que gerou todas orcas e feras descrentes,
Não forjando o sentido pra vida sagaz.

Haviam tesouros, eram pérolas de Vênus,
Que se achavam nas conchas sobre os atóis,
E os lençóis adornavam o colo dos mares,
Como até nos pomares há também girassóis.

E eu lancei do estaleiro o meu barco inquieto,
Que deixou boquiaberto até o Pérola Negra,
Num café com o pão derretendo a manteiga,
Eu beijei minha nega pra ir navegar.

E olhei para o mar novamente revolto,
Como desde garoto me jogava nas ondas,
Logo após ver ruir meus castelos de areia,
Procurando Afrodite para a guerra selar.

Mas além do oceano, bem nos continentes,
Já não há mais coronéis e nem mesmo tenentes,
Pois lá mente na farda um ogro Capitão,
Como se fosse um sogro da bruxa maldita,
Sobre as palafitas dos escravos de então.

Pois o povo ainda padece nos troncos da praça,
Que restaram da selva que antes havia,
Onde hoje é carvão o que foi das harpias,
Chorando nos chicotes com fome e dor.

Mas se o isopor já não tem os meus peixes,
Que serviam ao povo com todos os pães,
Não quero mais capitães a ditar os meus dias,
Pois minhas melodias decretam meu fim.

Quando a liberdade valia uma vida,
Os tiranos serviam urtiga e fel,
Pois mataram as abelhas e sujaram as águas,
Que nutria o povo com leite e mel.

Mas só declamam sentenças, os cruéis reformados,
Que de todos os lados ressurgem com sal,
Desnudando a terra para um estéril zigoto,
Nos deixando um arroto de azia animal.

Agora o meu navio corsário vai singrando os mares,
Enfrentando os altares, conflitando os tiranos,
Que só pensam no hoje, roubando a todos,
Destruindo o futuro que tanto almejamos.

É por isso que o meu barco quer um timoneiro,
Que esteja à altura, bem lúcido agora,
Não como um vândalo numa bebedeira,
Evitando o naufrágio com mais uma senhora.

E o navio a pique eu não posso deixar,
Vou trocar o comando do barco agora,
Pois está bem na hora, já não aguento mais,
Eu só quero a verdade pra amar sem demora.


Publicada no Facebook em 09/09/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 09/04/2020
Alterado em 09/04/2020
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