× Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
SE UM COGUMELO FOSSE CHAPÉU

SE UM COGUMELO FOSSE CHAPÉU

Se eu olhasse para as flores de Hiroshima,
Não seria como um adorno,
Pois não vejo mais jardins,
Nem o choro de uma menina.

Eram as pétalas caídas,
Nas feridas sem consolo,
Onde nem temos um bolo,
Para cear na despedida.

Foram-se os tempos de vergonha,
Em que os homens se respeitavam,
Pois a desonra feriu a alma,
Dos que lutaram obstinados.

Eis que as velas são tortura,
Pros que padecem suas perdas,
Que se foram ante a peleja,
Já que há cogumelos maus.

Se no ontem o mundo dormia,
Sem ver a morte num flagelo,
Hoje eu vejo os crânios nus,
Por todo átomo que ardia.

Não há mais cheiro sem as flores,
Nem uma grama no jardim,
Não vejo o amor dos querubins,
Não há mais anjos, ó meus senhores!

Haviam pássaros canores,
Que embalavam o amanhecer,
Só nos restando o padecer,
Das sinfonias sem os tenores.

Eu temo os dias de todo luto,
Que nos aguardam a realidade,
Vivendo a paz e olhando a guerra,
Que desespera a humanidade.

Pois Deus nos fez para concórdia,
Se somos frágeis no conceber,
Sem ser preciso o padecer,
Já que queremos misericórdia.

E os cogumelos são saborosos,
Se fatiados numa salada,
Em estrogonofe servido à mesa,
Sem uma beleza atomizada.

Se o champignon e o cogumelo,
Fossem libelos de realeza,
Seria beleza rompendo o ar,
Para nutrir e não matar.

Seria o ápice de um jardim,
Se um cogumelo fosse chapéu,
Nos sombreando, nuvens ao céu,
Num fim de tarde sob o luar.

Espero a brisa olhando o mar,
Na esperança de ver nascer,
Um novo mundo a verdejar,
Com Hiroshima a florescer.


Publicada no Facebook em 29/08/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 09/04/2020
Comentários