SER FAROL ONDE A BARRA SUPORTA A VIDA
SER FAROL ONDE A BARRA SUPORTA A VIDA
Quando nos percebemos humanos,
Muito além dos panos dos cueiros,
Construímos nossa responsabilidade,
Que será a nossa verdade,
Como uma afronta aos entreveros.
Enfrentando a procela,
Mesmo sem um navegar,
Pois já basta ver o mar,
De verdes ondas a salpicar,
Num tempero saboroso,
Que misturo na gamela.
Só assim é que resgato,
Num regato sem dilúvio,
Um peixe bom de grandes postas,
A ser resposta pra minha fome,
Que consome os meus dias,
Num joguete de apostas.
E esses dias eu percorro,
Sem socorro e sem descanso,
Nas verdades que enfrento,
Pois jumento até pareço,
Se me vejo no sertão,
Para onde só eu corro.
E num ermo da caatinga,
Nem restinga há sob o céu,
Nem deixando um bom chapéu,
Ser sombrero ao meu martírio,
Num jardim já sem um lírio,
Tomo a pinga pra esquecer.
Vejo a noite e o alvorecer,
Sem um galo pra cantar,
Que já foi ser o jantar,
De quem não tem mais porquê.
Pois sou farol sem um porto ver,
Onde a barra suporta a vida.
E minha luz irá brilhar,
Se Deus quiser-me ainda aqui,
Sou pescador sem um jequi,
Jogando a rede sem ter um barco,
Pois meu anzol é como um arco,
Curvado ao sol do meu martírio.
Publicada no Facebook em 21/08/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 09/04/2020