VALQUÍRIAS SELANDO NOVAMENTE OS UNICÓRNIOS
VALQUÍRIAS SELANDO NOVAMENTE OS UNICÓRNIOS
Como eu viveria nos idos homéricos,
Em que ventos elísios não são de Creta,
Vindo em encostas rasgantes e secretas,
Num incontido e colérico desfiladeiro?
Era um tempo virtuoso e heróico,
Em que a força era justa e viril,
E a cepa da uva era robusta,
Dando um vinho melhor que o Brasil.
Se o homem foi forte não me lembro,
Pois o matriarcado foi gentil,
Contornando possíveis desencontros,
Que o testosterona exige de um viril.
E prover não é só ter uma juba,
Que seduz a leoa com preguiça,
É preciso bem mais do que justiça,
Pois a vida é melhor do que tortura.
Se eu preciso de árvores para sombra,
Me assombra a serra em meu tronco,
Pois não me alimento de ouro ou manto,
A ornar meu pescoço numa forca.
Se hoje eu quero os cavalos e a horta,
Junto com as novilhas e o leite,
Só preciso de minha capineira,
Como meio seguro pro deleite.
Se venenos eu uso sem critério,
Jamais eu irei ter um futuro,
Mais seguro, com amor e porto seguro,
Pois senão só verei um cemitério.
Mas legal eu só acho na luxúria,
Sou milícia, pois gosto de tortura,
E explodo até minha estrutura,
Vendo graça em tudo que vomito.
E no fim nem terei mais o apito,
Sou um árbitro que o VAR destituiu,
Pois minha virtude já se prostituiu,
Sou escravo de um verbo que permito.
E as valquírias precisam retornar,
Selando novamente os unicórnios,
Nos trazendo de novo a paz no lar,
Pois os homens perderam seus propósitos.
E o respeito a todas criaturas,
Verei novamente junto ao meu povo,
Que não quer o direito como um mormo,
De uma febre que mata seus cavalos.
Para sermos Arthur depois de Merlim,
Sentados numa távola redonda,
Todos juntos com Joana, é luta o dia inteiro,
Pois não há onda sem um vento rebelde,
Em que sou advento mensageiro.
E serei Arcanjo ou querubim,
Sobre um unicórnio errante,
E meu amor só me pede ser assim,
Onde vou em delírios mais avante!
Publicada no Facebook em 09/08/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 09/04/2020