DESEQUILÍBRIOS EM CIMA DO MURO
DESEQUILÍBRIOS EM CIMA DO MURO
Todos nós nascemos para caminhar,
Mesmo sem a certeza de que lado está,
Que se insurge num repentino hiato,
Mesmo em frente ao mato,
Ladeando nosso insano ladrilhar.
E os ladrilhos que cobrem o muro,
Não brilham nem no claro ou escuro,
Quando cerro os fachos de luz,
Que me guiam e logo seduz;
Sou candeia, lamparina e amparo.
Era bem no início de maio,
E fui subindo faceiro no muro,
Escalando ligeiro o cipó que pendia,
Alvorecendo com sereno, ó dia,
Que na minha feliz melodia,
Vi meu berço que me fez mulato.
Lá de cima via os berços sedosos,
Como moitas de folhas macias,
Mas ser neutro não é primazia,
De muitos veios naquela bacia,
Rio das contas foi ser o meu palco.
A diferença de um muro e uma pinguela,
Onde o primeiro separa os campos,
E a segunda se liga às margens,
É que tem as escolhas que faço,
Que exige um lado seguro,
E maduro pra ter minha paz.
Pois se quero as longas madeixas,
Para escalar os montes e minhas muralhas,
Tenho as tranças de todas as gueixas,
Que esvoaçam perante as monções,
E me põem no oriente de minhas emoções,
Pela vista dos sóis a nascer.
Hoje eu busco o meu equilíbrio,
Nos desequilíbrios que a vertigem me traz,
Sendo eu capataz de um plantio,
Onde levo o meu embornal,
Tendo no odre um suco tão doce,
Que sela a sede de tanto amar.
E nos polos que energizam o luar,
Positivo e negativo ou neutro não há,
Tenho meus muros com escoras pra andar,
Pois o céu será quente, se não sei caminhar.
Publicada no Facebook em 03/08/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 09/04/2020