PELO CODINOME PINDORAMA VEJO AQUILO QUE JÁ FUI, OU QUEM SABE EU SEREI !!!
PELO CODINOME PINDORAMA VEJO AQUILO QUE JÁ FUI, OU QUEM SABE EU SEREI !!!
Se eu pudesse repensar todos os passos que andei - seja agora ou bem antes - sobre um solo delirante, de pegadas não marcadas no barro que moldou singelas ocas, tão bem simples e majestosas, eu quereria uma colina, bem de olho na beira de um rio, sentindo ali um cálido frio, pra minha rede eu balançar.
E Pindorama desde o sempre, me servia de semente, sombreada por palmeiras, onde cantam o Uirapuru, o bem-ti-vi e o sabiá.
E a minha rede, que hoje decantamos nordestinamente, sendo de palha ou de entrelace de tecidos, costurada em crochê, penduradas pelo agave, bem alçada em fortes troncos, vai me embalando os doces sonhos e meus devaneios durante o sono, num remanso em que balanço sem parar.
E o codinome Pindorama continua a nos apaixonar, numa terra em que as palmeiras se defrontam com cabaças, com o cheiro que inebria quem o cacau seca, seja numa estufa ou num tabuleiro, para o fruto altaneiro logo se achocolatar.
E eu me lembro da poesia, que Cazuza fez um dia, quando viu um beija-flor. Expressando o seu amor e a sua galhardia, que um dia o tornaria um imortal cantador, dos mistérios que a vida só permite intuir aos que vivem por aqui, de terem passado e presente, muito mais do que futuro, pois estaremos escrevendo nossos passos com os sonhos que perpassam a noção de imediatismo, que tanto está em voga nesses dias tão funestos, em que nossas tabas e nossas ocas não nos querem mais sentindo a brisa que nos traz a esperança e alegria, que é viver em liberdade, nem que seja por um dia, antes do eterno e inevitável hibernar de nossas almas, pelo menos no que toca ao nosso direito de pisar no barro do qual viemos e fomos moldados.
E os tupis, junto com os guaranis e tantas outras etnias (que nos poliglotaram a língua), se quiséssemos com todos falar, viram Pindorama se acabar, para vir a ser Brasil, por uma simples tinta que coloria toda capa de tecido que vestiam nossos algozes europeus.
E nossas línguas, embriagadas com os canoros sons de nossas aves tão edílicas, deram nome e codinome ao encanto das florestas, das ravinas e serrados, das encostas e desfiladeiros, onde escorrem o leite e sangue cristalino das águas mais doces que a terra transpira, para banhar a terra das palmeiras.
E essas águas foram enchendo os aquíferos e igarapés, levando ao profundo kalunga, que abarca nossos sonhos e enraízam nossas genes, e ao encontro dos demais senhores do mundo originário, pelos primatas que brotaram lá em África, e se realinharam pelos caminhos e viagens percorridos, correlatos aos embarques em que os nossos proto ancestrais se deixaram validar, dando forma e direção ao destino do planeta, que será como um gameta a levar vida aos mundos que buscaremos nas viagens interestelares ou intergalácticas, mesmo que essas últimas sejam mais imaginárias ou sujeitas a um plano de cunho interdimensional e etéreo, ampliando nossa percepção do tempo e do espaço.
Seria esse o momento de deificação que tanto almejamos ao longo de nossa história eréctil, quando levantamos nossas faces e olhares, juntamente com o espaldar de nossos ombros e colunas, para a percepção da magnitude do Cosmo, que nos remete ao mistério do Criador, o qual bordou o seu jardim com uma miríade de estrelas?
A resposta, meus amigos, possivelmente estará soprando no vento sideral, no qual deixo de ser um animal, mas bem que ainda poderia tornar a ser, me vendo como um albatroz planando sobre o mar, ou um beija-flor, num codinome de um prodígio exemplar, por pindorama o Éden se reconhecer, onde enfim serei seu bandeirante buscando amar.
Publicado no Facebook em 22/06/2019