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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
"NO ALTO DO OLIMPO OU NA DENSA FLORESTA, A PAZ TEM A PRESSA DE UMA VIDA ETERNA"

"NO ALTO DO OLIMPO OU NA DENSA FLORESTA, A PAZ TEM A PRESSA DE UMA VIDA ETERNA"

Eu sonhava todo tempo, com um tempo sem relógio. E eu já estava tão velho, que vi meu cordão umbilical sob as folhas na floresta, onde os bichos vinham pra festa, que nós primatas os convidamos.

Hoje eu observo pelo espelho que atravessa o tempo adentro, olhando como eu fui esse rebento, vendo os tigres com seus sabres, que surgiam pelos dentes que laceravam toda carne, pois a voracidade deles só comparo com a minha, pois eu tinha na bainha, bem curtida num velho couro, um exemplar de osso e um olho, que roía com muito gosto, por estar com muita fome.

Naquele tempo, que se esconde nas camadas rochosas das eras, eu era como um lobisomem na procela, duelando pela vida, com ferocidade viva, onde impunha o meu saber. Não tinha espada ou até a lança afiada, mas seguia na jornada, pois pensava o que fazer. Já não era só instinto, pois eu via o labirinto, onde eu tinha que escolher.

E eu escolhia o meu portal, não por cheiro ou visual, mas com a astúcia de um lobo mau, que quer provar um chapeuzinho, mesmo sabendo que o vizinho pode ser um caçador. Mas eu temo só a mim mesmo, pois com semelhantes eu até brigo, já que não temo pelo abrigo e o perigo, que disputo com todos os demais animais.

Se na terra sou Olimpo, vendo o mundo lá de cima, vejo que a vida nos ensina como se perpetuar. Tomo a vida que veio do mar para surfar com meu Poseidon, que me trouxe até Tritão para juntos um vinho tomar.

E na terra eu encontro, nas profundezas de Hades, as raízes e a maldade que os minérios faz brotar. Pois daí é que resolvo a cunhar minhas moedas, como modo de domínio e o sempre enganar, iludindo o semelhante tolo, lhe contando estórias mil, mas preparando o covil, que entre lobos e serpentes, farei todos me endeusar.

Subi o monte e foi no mesmo velho Olimpo, que fiquei em frente ao Egeu, a saciar a minha sede com um bom vinho macedônio, olhando pra Creta e suas longevas oliveiras, bem no meio de um louco mar.

Eu vejo a vida eterna desde o antes, pois eu vivi pra testemunhar, o meu andar em forma de homem, mas deus eu fui até acordar, dos sonhos ou longos pesadelos, que é viver em todo lugar, pois estou vivo desde o ontem, que não posso nem mesmo mensurar.

E então eu passo o laço numa árvore longeva a me olhar. Mas fui eu mesmo que a plantei, pra ver sua sombra de 'Tempo' a me acalentar.

Eu vi o mar virar deserto e vi deserto se reflorestar. Pois a amazônia já foi só areia, pois já vivi jornadas também por lá. Mas hoje nem cabe ali uma baleia, por causa do mato denso, que só permite os bichos pularem ou se esgueirar, como os saguis ou as anacondas, que são sucuris a assustar, os que querem ter triturados todos os ossos, na contrição forte do abraçar.

Comi formigas e lambi do mel que escorria nos tocos das árvores, que sucumbiram aos raios de Zeus, de Tupã ou de Xangô, para também ver arder no calor do fogaréu, que os raios acenderam, iluminando as noites para que o medo, nós venhamos a vencer, pois em todo amanhecer, vem o bônus do enxergar.

Eu vi as civilizações surgindo e seu desaparecer, pois desde que eu era só um menino, aos faraós dei um lugar. E não importa se tem o mar pra separar os continentes, pois vi a todos na busca do sempre andar pra frente, criando rimas pro meu pensar.

Criei estilos de vida humana, pois no Olimpo já foi bacana, bastando apenas acreditar. De lá eu via todos embaixo, vendo as castanhas sobre um tacho, com fogo aceso para torrar. E ensinei todos segredos, mas com a função e o propósito de ver a vida se orgulhar, pois somente sendo minério, não poderíamos mesmo pensar. Mas com o dom do sacrilégio, eu vi as bruxas e meretrizes, vi a luxúria e as tolices, de só termos vontade de dominar.

Então eu vi o quanto estamos errados, pois nossos defeitos só fazem o gado se lançar ao precipício, findando o leite que tanto preciso, para beber e me alimentar.

Já vivi por tantas guerras, que só encerram o judiar, dos semelhantes ou conflitantes, que não enxergam que a dor nos nega o bom sonhar.

E, nos pesadelos de toda disputa, só fica a bruta sentença que não dá paz pra caminhar, pois nas Termópilas, nas guerras púnicas ou nos conflitos ao longo dos tempos, nos mares ou nas planícies, com os açoites dos ventos, só vem o cheiro da morte, para hienas, ratos, corvos e abutres apreciarem, ou se refestelar.

Mas olho para o mel, o qual em boa embalagem se conserva, a nos mostrar que ele encerra o bom do néctar que é o amor. E vou como as abelhas, de flor em flor, buscando o pólen e o sabor que formarei no mel que cevo, pois só assim é que eu conservo o dom da vida para continuar.

Serei rochedo perante o mar. De novo no Olimpo pra festejar, o dom dos deuses para amar, pois dói bastante o odiar, que faz meu fígado opilar, e os meus rins pedra formar, para doer e lacrimejar, sem o meu barco à beira mar, pois o que sei mesmo é navegar, já que voando até mesmo Ícaro caiu no mar, vendo seus sonhos se afogar, diante das estrelas e do calor solar, que sua cera fez derreter.

E eu serei eterno enquanto dure, a paz que vejo nos lampejos do meu pensar, que trago com o sabor de quem planta o que é bom para o viver, pro regozijo e o saber de que só vivo pelo sonhar, como um índio sem ver o mar, sabe qual água pode beber.


Publicada no Facebook em 14/06/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 07/04/2020
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