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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
"UMA BARRIGUDA SOB O SOL DE MINHA TERRA"

"UMA BARRIGUDA SOB O SOL DE MINHA TERRA"

Viajando mundo afora,
Trabalhando sem cessar,
Vi as montanhas e a beira mar,
Soprando os ventos em minha fronte.

Vivi pra ver o Sol no horizonte,
Nas terras próximas ao Velho Chico,
Onde um piau comi bonito,
Em brasas às margens de Ibotirama.

Foi um momento tão bacana,
Que deparei com inúmeras barrigudas,
Cada uma mais forte e graúda,
Que até me lembraram eternos baobás.

Mas Pernambuco ficou lá pra atrás,
Com sagradas árvores dos orixás,
E vem Petrolina me anunciar,
Que macerando Cabernet ou Pinot Noir,
Eu vejo as cepas encachear,
Com doces videiras bem além mar.

E foi andando em quatro rodas,
Policiando todos os caminhos,
Que estive em Picos e Teresina,
Mas que calor, não vi ainda,
Foi em Timon que encontrei.

Não tinha homônimo na terra,
Mas foi no cadastro daquela terra,
Que um xará fui registrar.
E atravessei uma longa ponte,
De Teresina para o oriente,
Pois no Maranhão fui trabalhar.

Tinha passado no Ceará,
Com a benção de fé em Padim Ciço,
Subi a Serra pra ver um altar,
E na Ibiapaba fui me encontrar.

E numa mata densa, que nem a Atlântica,
Como se estivesse na minha Bahia,
Diante do cacau e o coqueiral,
Vi beija flor, o curió e um sabiá.

Subi também numa outra serra com a chuva,
Deixando João e as Pessoas,
De Tambaú e praias boas,
Campina Grande me aguardava.
Mas parecia a invernada,
Que nem senti que era sertão.

Comprei uma rede em Aparecida,
Com uma senhora agradecida,
Por sustentar as crias naquela secura,
Depois da serra, lugar sem chuva,
Vendendo o que costurava para comer.

E vi o dia amanhecer,
Em Imperatriz, Açailândia e no Gurupi,
E o terror estava bem ali,
Com madeireiros a fustigar.

Até a copaíba foram derrubar,
Não tem mais o óleo medicinal,
Nem mesmo a erva no embornal,
O índio e o matuto não vão mais colher.

Comi um Bode do Sol lá em Bonfim,
Pois Capim Grosso ficou pra trás,
E uma jacuba eu quero mais,
Com macaxeira e manteiga de garrafa vou me lamber.

Vi os caroços do umbuzeiro,
Naquele curral cheio de esterco,
E o leite da cabra quase eu perco,
Pois acordei quando o Sol já raiava.

Mas o cuscuz, com um café na brasa, logo provei,
Com queijo curado eu me fartei,
Até a coalhada eu fui provar,
Com leite da vaca na invernada,
E a caatinga florida, com o acauã, vi verdejar.

Passei em Barreiras, do Rio Grande,
Bem antes de ver a Lapa ou o Belo Horizonte,
Dormi em Montes Claros,
Muito mais que num breve instante,
E olhando Curvelo, fui subindo as serras.

Nas Minas Gerais do ouro dos quintos,
As serras estão nuas, é só carvão em brasas,
Eucalipto secando todas aguadas,
Que antes brotavam, na Canastra de outrora,
Lá vai Velho Chico, sem água faz horas.

E o Sol de minha Jequié,
Faz uma cidade ser Sol,
Pois com minérios, rio das contas e um anzol,
Um Jequi e uma onça tupi,
Fez Bittencourt parar na estrada,
Em que um inconfidente abriu a picada,
Para numa fazenda à Borda da Mata,
Jequié vir tornar-se de pé.

E as barrigudas foram testemunhas da minha vida,
Tendo nos vinhedos do São Francisco uma acolhida,
Pra ver as cachoeiras e trilhas da imensa Chapada.

Mesmo após as chuvas de verão ou na invernada,
Moendo café ou a cana da cachaça esfumaçada,
Pelos alambiques de Abaíra ou no Brejão de Ibicoara,
Sussuarana caça em noite turva ou enluarada,
Nos velhos grotões de rochedos e cachoeiras aos ventos.


Publicada no Facebook em 12/06/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 07/04/2020
Alterado em 08/04/2020
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