"MERGULHADO NA DOR E TRISTEZA É QUE SURGE A ESPERANÇA, EMBRENHADA NAS BRUMAS DO OLHAR DAS CRIANÇAS"
"MERGULHADO NA DOR E TRISTEZA É QUE SURGE A ESPERANÇA, EMBRENHADA NAS BRUMAS DO OLHAR DAS CRIANÇAS"
Buscando resposta para o que nos aflige, mergulhados na pureza dos afetos não contaminados pela luxuria, pela ganância e pela inveja que tanto sobram no sangue inoculado de maldades, é que vemos transbordar o carma carregado pela humanidade.
E esse carma é recheado de história e de vida, vivida na penumbra de sombras e vontades que marcaram os quereres de indivíduos e de grupos sociais, pois nunca representaram a totalidade que buscamos sempre decantar como formula de vida, como "modus operandi" dos desígnios maiores que resplandecem o querer do Universo.
E o Universo sempre conspira para nos mostrar o real querer, pois o que resta no fim de cada etapa animal, que se refestela no salão de cor e luz desse nosso Éden, é o que se mostra sob o banhar de energia dos fótons solares, de uma estrela tão ímpar, e que está a nos lambuzar com o néctar do âmbar mais singelo que possamos extrair dos caules das árvores mais longevas, que sempre testemunharam o passar dos ciclos lunares, de onde brotaram, e se perpetuam na forja das ligas de metais ferrosos ou não, a nos servir como adubo de vida, num suco proteico e vitaminado para o nosso degustar.
Mas essa forja não foi montada à toa, e é representativa do que gravamos no cerne de cada unidade celular, que juntas se transformam, se completam e se aprimoram, nas vivências que traduzimos em ações e reflexões para o mundo, que sempre se mostrará novo aos que herdarão o que deixaremos, o que plantamos e recriamos cotidianamente, para além do que a grande bússola do Universo nos guiou até o hoje, visto que o avanço neural é inexorável ao que nos propõe o Criador, que apascenta as suas ovelhas com a melhor gramínea e nos permite o domínio, mesmo que abstrato, do tudo que nos alcança os olhos e a imaginação.
Por tudo isso é que não podemos nos desconectar das torres e faróis que nos guiam para o mistério em que está o nosso futuro, pois estamos sujeitos à angustia de não dominar as vontades dos nossos semelhantes, que podem ser embricadas na busca da perpetuação, ou ligadas ao sutil e passageiro fluxo cósmico de vida a pulsar, bem como ao estarmos predispostos para encarar o resplandecer da força da natureza, a qual controla de modo tão imortal o forjar da expansão e retração cíclica de todo o éter divino, criando - na esteira de luz celeste - os caminhos a trilharmos pelas estrelas e pelo imaginário, que nos dá energia e motivação para nos sentirmos úteis nessa jornada.
Mas, nem sempre é de alegria que adornamos os nossos corações, pois muitas vezes somos picados e envenenados pelo soro da maldade e da inveja, onde falham as conexões com o que já foi vivido, mesmo que seja em nossas mais primordiais raízes, e que sustentam a copa da nossa árvore e nos permitem florir e brotar os frutos e sementes necessários à nossa busca por perpetuação.
Em algum momento da nossa passagem e estadia terrestre, somos mergulhados na dor e tristeza. Mas eis que surge a esperança, quando nos deixamos turvar a vista nas brumas infantis e desnudas de maldade, que neblinam os lagos piscosos para o nosso sutil nadar, e então sonhamos os sonhos das távolas redondas, nas quais não vemos nossos iguais buscando serem diferentes ou dominantes.
Fitamos essa nevoa sim, mas pelo olhar desnudo das crianças, que são o espelho da paz e da concórdia que ainda está entranhada em nossas espíritos, dando calma ao lago de nossas vidas, sem ventanias ou tempestades a açoitar a película que recobre todo lençol de esperança que aplaca nossos mais sombrios desejos, nos permitindo alcançar o nirvana da vida e da razão pra viver, sem a dor de uma queda desajeitada na água, mas com uma penetração aguda a romper o tecido protetor dos lagos serenos, que são a razão para sabermos agir com prudência e elevação de nossas almas, antenados com a necessidade de deificação no agir perpetuante que nos exige união.
É preciso sempre estar com o motor azeitado, com a suavidade que não permite barulhos e nos concede a equalização de todos os sons, que o badalo do martelo auricular pode suportar. E por isso não podemos nos colocar a serviço do enxofre que jorra dos cumes e cones de vulcões em erupção ou atividade térmica, pois esses rios de lava, muito antes de serem vetores para novas fases de vida na Terra, são carrascos que finalizam ciclos, que redesenham com brutalidade os caminhos que os rios só forjam na cadência da água, que escorre por declives de pequeno ângulo, sem a pressa das cascatas e cachoeiras de alturas assustadoras, onde as escarpas deixam a tremer o mais forte dos mortais, diante dos precipícios que se mostram como desafios, mas que são a incógnita que não aceitamos e nem desejamos enfrentar.
Por isso é que devemos sempre lavar cotidianamente as nossas bocas e línguas, tornando-as bem menos ferinas para o convívio em harmonia, o qual buscamos como regra para os dias que todos queremos como verdade e sem receios, nos propondo a cada acordar e sermos o adubo orgânico necessário para permitir que as abelhas polinizem o nosso pomar, seja no mais profundo das florestas, nos oásis dos desertos ou nas bordas de areia, à beira mar, trazendo aos nossos rostos o frescor da brisa oceânica que são emblemas de vida, que nos fazer chorar de alegria, pelo salpicar das águas marinhas, que são o berçário de mistérios, os quais se escondem no útero profundo e abissal dos oceanos, como um Grande Kalunga, que tornam a morte e a vida nos grandes segredos de todos os porquês.
Esta é a razão para amarmos, como as crianças - visto que os adultos nem sempre o fazem de verdade - e com a sinceridade pueril de quem ainda não pecou para viver e sobreviver, sendo o veludo macio das flores a acalentar o trabalho das operárias e zangões, que nunca descansam para a busca de manutenção da vida na colmeia, pois o início podemos até controlar, mas nem sempre temos a chave do último portal a transpassar. Afinal, é preciso ficar com a pureza das respostas das crianças, como dizia Gonzaguinha, pois é preciso não ter a vergonha de ser feliz, mas é preciso cantar a beleza de ser um eterno aprendiz!
Publicada no Facebook em 19/05/2019