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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
°OLHANDO PARA O ONTEM, MAS QUERENDO O AMANHÃ!°

°OLHANDO PARA O ONTEM, MAS QUERENDO O AMANHÃ!°

Parafraseando The Beatles, na imaginação de Paul McCartney e John Lennon, eu diria que ontem os meus problemas e atribulações pareciam estar tão longe. Mas, agora preciso de um lugar para estar longe da realidade triste com que me deparo.

E nesse ponto de intercessão entre dois tempos é que lamento os caminhos em que trilhei, já que tive a chance de melhor escolha, mas tudo isso já é o ontem.

Foram tantos os meandros no delta do meu Nilo, que me sinto um andarilho sem uma música pra cantar. Vejo chegar no estuário, desembocando não no mar, mas num armário, em que me sinto em frangalhos, sem ter forças pra nadar.

Eu queria ser uma nave, mesmo que sem motor, mas com velas em condições de içar, para me colocar em frente aos ventos que sopram altaneiros, como a brisa em alto mar, vendo ao fundo as profundezas abissais dos oceanos, mas em cima navegando, para ter onde chegar.

Eu queria ser como um marujo por instantes, que no sopro às vezes errante de Éolo encontra os pássaros a voar, pois junto a eles vem a certeza de que solo firme e água doce irei encontrar.

E então veria não só a foz de todos os rios, mas os ninhos das aves, em desafio contra os bichos que deles querem se alimentar. Só assim teria razões para enfrentar tanta tormenta, que balança a nave em sacolejos, que dão enjoo a quem não aguenta viver sem ter com que sonhar.

E eu viveria tudo de novo, enfrentando as cobras com a coragem de um lobo, pois em uivos ou controlando um leme, quem suporta tudo e nada teme é o heroico lobo do mar.

Ele tem olhos no passado, mas já sabe o recado que deixará para os que querem o futuro alcançar, pois só ele conhece o ritmo das águas que cruzam todos os istmos, como para ir além de Gibraltar.

Cruzando Atlântida, Cabo Verde ou os Açores, mesmo sem flores e seus odores, enfrentando a ressaca das ondas a lhe banhar, ele vai singrando os sete mares, com seu arpão a subjugar um peixe grande para cear.

E assim ele alimenta a esperança dos demais marujos a lhe ombrear, pois que confiam no seu tino, desde menino a velejar.

E esse será o meu destino, que carrego comigo desde o princípio, pulando as valas e os precipícios, para poder continuar.

Andarei pra frente, mesmo que sobre pedras e espinhos, olhando ao longe os golfinhos, que acompanham meu viajar. Serei marujo ou saltimbanco, declamando a todos o meu canto, que não é de cisne e nem de ganso, mas dos mistérios do boto a encantar.

E ainda olho para o ontem, fixando em minha fronte o amanhã que irá chegar, pois que sei o quanto ao justo cabe uma rede, para no balanço singelo ir descansar, já que a paz é o remanso que até o São Francisco irá banhar.


Publicado no Facebook em 03/03/2019
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 06/04/2020
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