AS SOMBRAS SOBRE A TERRA TAMBÉM SE SURPREENDEM COM O VENTO FEROZ
AS SOMBRAS SOBRE A TERRA TAMBÉM SE SURPREENDEM COM O VENTO FEROZ
A nossa esperança na vida terrena, perpassa o mero achar que nada pode mais mudar, pois que estamos a tanto intervir, que o chão já não aguenta tanto desamor.
Só acolhendo com o carinho das mãos e do coração é que poderemos barrar o furor dos ventos uivantes, que chegam nos sacolejando os galhos e folhas, como se nossos cabelos se rebelassem sobre nossos crânios, que medonhos, já não sabem como agir para manter o solo Mater, que nos faz capaz de pensar, de amar e de construir, sem precisar sacrificar a existência do que há.
É imperativo que entendamos a função e o porquê de cada ser, sob nossa rebelde responsabilidade, que se acha no direito de decidir a extinção do que aqui evoluiu criacional e espontaneamente, sendo exemplos do que é necessário ao equilíbrio dos galhos, do florescer dos bilros e cones de pólen que se reúnem pela ação dos besouros e abelhas, mas também pelo vento, que forte ou lento, modelam as florestas, rochedos e montanhas, tecendo o curso dos rios e todos os fios da longa teia de história da vida, que brota bandida, teimosa e briosa, entre tantos astros de miríades de estrelas, que são escolhidas para serem o berço da prova de Deus.
Até quando seremos como os cones de vulcões, ou rasgos dos cânions, nem sempre serenos, que jogam enxofre, metais ou água doce, em enxurradas de modo surpresa, como fogos de monturo sob as palhas e entulhos, que se mostram sem aviso, com um tempo inseguro pra causar reclamações, arrastando tudo abaixo, onde nem mesmo me encaixo, vendo a vida perecer.
São Atlântidas, são Sodomas, ou são Gomorras, Cuzco, Hiroshimas, Nagazaquis, que nem sei mais os sotaques, daqueles que sem chance pereceram, sendo desculpas ou ruínas de um fim ou reinício.
Mas nem sei se eu, bem ali, é que mereço, pois não sei se esse é meu verdadeiro endereço, ou quiçá o recomeço do que nunca terá fim, pois de energia existimos, e podemos ser sempre meninos e meninas de um novo ser, enfim!
Tomara sermos os onívoros, pois senão seremos caça, dos que serão rapina de nossas almas, nossos corpos ou carcaças, que nem mesmo uma carapaça impedirá que a cutia quebre o côco e coma a castanha, em nosso âmago e entranha, como os sanguessugas nos ajudam ou desidratam, vez que buscam nossas veias e artérias, nos deixando na fraqueza e na miséria de murchar sem florescer.
Publicado no Facebook em 24/01/2019