O QUE APRENDO DE UM SIMPLES VEIO D'ÁGUA, Ó RIO DAS CONTAS!
O QUE APRENDO DE UM SIMPLES VEIO D'ÁGUA, Ó RIO DAS CONTAS!
Certo dia, de um momento bem longínquo,
Sem saber de quão profundo,
Surgiria com pressão se irrompendo,
O que seria um veio d'ouro, escorrendo na chapada.
Ser corrente sem prender nada,
Onde nada que navega se escora na beirada,
Segue um curso sem colégios,
Molha os brejos pela estrada.
Implorando à altitude, de uma serra desenhada,
São caminhos que atravessam latitudes variadas,
Pois na longitude sinuosa, molha verão e invernada,
Faz de contas toda história que das contas é gerada.
Nos mistérios das alturas que procuram esgueirada,
Chega um dia ao estuário de um Atlântico por nada,
Pois seu caminho não é pacífico, mas pancada,
Mas se guarda majestoso por momentos represada.
E as águas vão traçando seus meandros como nada,
Percorrendo municípios, desbravando a jornada,
Que se mostra em precipícios, das barragens que lhe guarda,
Mas prosseguem irrigando o que nasce da labuta ensolarada.
Alguns sabem bem lidar com suas águas benfazejas,
Mas tem outros que de costas jogam lixo que escorre,
São esgotos que putrefam e tiram ar de quem lá vive,
Se esquecendo que um rio sobrevive, respirando com os peixes.
Não se acham mais crustáceos, já se foram os pitús,
Só piranhas sobrevivem nas barragens pelo sul,
Devorando tudo a dentro, parecendo um baiacu,
Como se tudo fosse veneno, com sujeira até azul.
São as beiras das cidades, que não tratam com amor,
Tudo que jorra pelas casas, pelas ruas, sem filtrar,
Derramando a sujeira sem ter mangue pra tratar,
Pois não é mais a podre madeira, mas só o lixo hospitalar.
E das Contas, nem se acha saldo ou crédito afinal,
Pois nós construímos nossas casas lhe mostrando o quintal,
Por onde jorram nossas fossas e dejetos sem igual,
Porcaria de agonia, que destrói o ideal.
Bom seria que tomássemos conta do rio das Contas,
Pois é tudo temeroso, o nosso futuro sem igual,
Refazendo os seus cílios, ó responsável animal,
Que constrói nas suas margens, num assorear visceral.
Dragam a vida e a areia, parasita marginal,
Não se preocupam com a vida e um futuro bem legal,
Que depende do que fazemos no estágio atual,
Pra garantir que a natureza seja irmã, nosso portal.
Só fazemos a sujeira, até roubando a argila natural,
Sem repormos nem as matas de outrora,
Que frondosas lhe nutriam e deixavam,
Os barqueiros trabalharem num comércio sem igual.
Eram tempos de Meca do Sudoeste,
Onde pra Jequié todos vinham sem forçar,
Pois aqui logo encontravam o que bem negociar,
Pois tinha banco e era lindo o burburinho do lugar.
Mas hoje fede as suas margens,
Onde ninguém mais vai se banhar,
Só esgoto e baronesas, recobrindo o lugar,
Que entopem até às represas que serviam para nadar.
E agora agoniza a bondosa natureza,
Já que existe toda mina a devastar,
Com vanádio ou até níquel, que precisa se lavar.
Mas lhe sugam as doces águas, num volume sem penar.
Morre o Rio que suas Contas já não servem de colar,
Pois até os diamantes já se foram desde lá,
Quando fomos assoreando o seu curso que servia a navegar,
Pra satisfazer quem sabe apenas só riquezas lhe tirar.
E agora nosso futuro vai depender do que virá,
Pois teremos o trabalho de tudo recuperar,
Para a vida ser bendita e no futuro acreditar,
Que teremos o rio de novo para todos orgulhar.
Recuperando o Rio das Contas, estaremos a navegar,
Pois sua foz será de novo um alimento para o mar,
Que agradece, com a vida pois sua origem vem de lá,
Pois somos a deriva que veio do oceano para a terra povoar.
Publicado no Facebook em 27/08/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 05/04/2020