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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
O DOCE E O AZEDO NOS FAZ ALUNOS E PROFESSORES DE UM ETERNO APRENDIZADO
O DOCE E O AZEDO NOS FAZ ALUNOS E PROFESSORES DE UM ETERNO APRENDIZADO

Cada elemento constitutivo do mundo mineral, num determinado momento, combinação e característica do tempo e do espaço pode se tornar orgânico. E a partir dessas organelas, que poderíamos classificar evolutivamente como organismos vivos bacteriológicos, virais, vegetais e animais, dentre esses últimos, distinguidos entre vertebrados e invertebrados, ou entre mamíferos, répteis, anfíbios, dentre tantas classificações, podemos chegar aos seres que conseguem ter acesso aos humanamente possíveis cinco sentidos principais, que somos possuidores, como ver, ouvir, cheirar, tatear e degustar.

Somos medianos em quase todos esses sentidos elencados, pois não temos inatos a melhor visão, nem a melhor audição, nem o melhor olfato, a melhor capacidade tátil e também degustativa. Mas somos um conjunto, que desde quando esteja bem calibrado, se agrupa a duas soberbas capacitações, que é o verbalizar e o raciocinar, que aliados a uma estrutura corpórea complexa e ágil, além de onívora, nos possibilitou avançarmos no domínio sobre tudo o que se dispõe na natureza, desde que saibamos interagir com os fenômenos naturais que também se sujeitam a regras fundamentais do Universo, tornando-o intrinsecamente integrado, seja do micro ao macro cosmo, numa sintonia incompreensível aos parcos desempenhos de nossas capacidades neurais, fato tão decantado musicalmente pelo saudoso Raul Seixas, poeta baiano de pensamentos transcendentais, que até hoje desafiam à nossa capacidade de compreensão.

Do mesmo jeito que nascemos nus, nascemos também com os sentidos em desenvolvimento, embora seja como a maré, que pode estar baixa no seu início, vai a cheia, mas volta a ser baixa. Todavia, diferentemente dos oceanos, que replicam fenômenos que estão interligados a todo um interagir de energia cósmica e, portanto, vão se repetindo por tempos quase que infinitos, somos um ciclo único de elasticidade da nossa borracha. Só vamos uma única vez ao cume do nosso Everest particular, pois lá em cima só deixaremos a marca ou não de que lá estivemos, pois logo temos que preparar e realizar a descida para o sopé da montanha, que pode ser feita por um caminhar calmo e programado, em harmonia com os planos e caminhos traçados, ou irmos como que atingidos por uma repentina avalanche, que desmorona estrondosamente, destruindo a tudo que buscamos arrumar na subida.

Por isso é que nascemos nus. Foi para sermos alunos e professores de um eterno aprendizado, que nos dá a dádiva de conhecer e distinguir o doce do azedo, já que nascemos sem o sabê-lo. E isso se amolda aos demais sentidos, que vamos treinando dia após dia, num crescente que só termina quando a partida chega ao fim, onde teremos ou não a sensação de se fomos capazes de cumprir nossos propósitos existenciais, que suplantam ao de quase todos os outros seres vivos, materias mortas ou forças energéticas que se concentrzam, se espalham ou se consomem, para transformar-se. No que poderíamos tranquilamente deduzir como o agir de Deus com o seu próprio existir, que está impregnado em tudo que existe, nos usando como meros instrumentos do seu propósito maior e embriagado de mistério, que é ser o tudo, sem início, meio ou fim.

O gostoso disso tudo é que fomos tão beneficiados nesse propósito divino, que chegamos a achar que somos inventores, criadores de receitas culinárias, engenheiros e arquitetos, salvadores de vidas e autoridades para a morte ou a liberdade, quando tudo é efêmero para quem não domina o mistério e a energia suprema, que rege o Universo infindável. Vivemos de teorias, ou melhor, de teses e hipóteses, de sonhos e devaneios, de enfrentamentos reais ou utópicos, que nos fazem sonhar navegar em mares sem água, voarmos em solos profundos, queimarmos em sombras tépidas, ou até termos prazer ou agonia, entre o sofrer e o amar, contrastando emoções, numa valsa que se baila não no salão de um teatro, mas sobre um tapete com as cores de um arco íris que se apresenta no vapor da umidade que prenuncia as chuvas e precipitações do acumulo de água das nuvens, quando expostas ao equilíbrio exato das condições climáticas de um determinado espaço dentro da atmosfera terrestre.

E vamos seguindo no nosso aprendizado sempre inacabado, sempre pronto a querer mais, mesmo que esse aprendizado seja único e particular, pois nem todos nós estamos evoluídos espiritualmente para a partilha. Muitos de nós ainda estão sobre o mister das guilhotinas, que tanto foram utilizadas não só para mutilar, mas para cortar pescoços e fazer se perder conhecimento tão caro à humanidade, desde que não retransmitido, como o fizeram os ignorantes, ao queimarem a biblioteca de Alexandria, ou quando matam e destroem pelo puro e brutal prazer de satisfazer os lados doentis e sádicos da humanidade, dos que não aprenderam que apesar de toda a nossa grande capacidade laboral e inventiva, nossa criatividade e sonhos, somos seres que necessitamos de comunidade, pois que não fomos criados para o exílio e o cárcere, mas sim para o partilhar e para a luz, que divinamente Deus nos presenteou, já que ele mesmo se cansou de sua condição unitária e só, tendo criado o Universo para se deleitar.

Que esse caminhar, breve ou longo, de cada um de nós, seja como a dos felinos que caçam, com calma e paciência para tudo ocorrer no tempo certo, ou como o agricultor orgânico, que aguarda o tempo certo para colher o fruto no seu melhor momento de se degustar ou servir para o preparo dos manjares que os grandes mestres da culinária irão preparar para a felicidade própria ou de todos os demais, que enaltecerão a sua sabedoria e darão razão ao seu existir, nos fazendo assim privilegiados de nos eternizamos pelos nossos atos e exemplos, perdurando na história, que suplanta o tempo carnal que nos cabe nessa dimensão da vida.


Publicado no Facebook em 15/08/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 05/04/2020
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