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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
COMO SER UNO E PAR AO MESMO TEMPO EM QUE AS UVAS SÃO COLHIDAS PARA UM BOM DEGUSTAR?

COMO SER UNO E PAR AO MESMO TEMPO EM QUE AS UVAS SÃO COLHIDAS PARA UM BOM DEGUSTAR?

Estamos na vida por obra e graça de um fermentar que comparo às uvas, que brotam dos parreirais sustentados por escoras e galhos, num exemplo de emaranhado que geram cachos com o néctar precioso de frutos que se maceram primordialmente num pisar contínuo de pessoas que se juntam e exercem a parceria da união que se filtrará e gerarão o simbolismo do sangue que corre em nossas veias e sonhos.

Ser Pai parece às vezes ser uma carga unitária, sem medida e comparação, por exigir enfrentamentos quase sempre externos ao aconchego e sensação de segurança do lar, mas não pode ser pretendido como real, já que a condição de Pai só existe pelo conjunto inseparável que une-o a uma mãe e seu futuro, que lhes traz a noção de eternidade, de continuidade e de louvor à vida, que são os filhos, que brotam como os cachos das uvas para serem seiva, sangue e esperança da continuidade do existir.

Sem esses flavonoides que nos alimentam, quais seriam nossos propósitos existenciais, quando a vida pela carne é brusca e efêmera? Como se sentir digno da honra de ser partícipe da criação, quando conscientes ou escolhidos, nós somos chamados, como soldados que defendem a pátria não só por convocação, mas por defender o direito à liberdade, ao direito do livre pensar e poder expressar suas vontades e convicções?

Ser Pai é nos depararmos com o compromisso do exemplo, do cuidar de nossos bonsais, com o saber de que lado o Sol e a Lua se elevam no horizonte, para nos energizar e iluminar nossos caminhos, nos livrando dos espinhos e das pedras em que podemos nos ferir ou tropeçar. É sabermos que o exemplo é tão contagioso, que ao mesmo tempo que forjam e dão têmpera ao nosso caráter, podem empenar a boca pelo cachimbo costumeiro, que só queremos usar do mesmo lado da boca, nos deixando destros ou sinistros, sem lembrarmos que temos braços e pernas aos pares, e de onde deveríamos saber usar com inteligência o potencial de completude que nos foi ofertado no momento em que nos foi dado o direito de brotarmos como luz que surge do nada, como se fossemos o mistério de uma energia cósmica que saísse de um quasar ou buraco negro, como grande enigma da criação.

Ser exemplo de primeiro herói ou até de primeiro amor é tão belo e árduo, que Deus reserva só aos que buscam nesse mundo o privilégio de se acharem merecedores de também serem a sequência dessa profunda origem de ancestralidade e criação em busca de um reino imaginário, onde a dor, o desamor, a inveja, o ódio e a usura só deem espaço para o que mais nos regozija e envaidece que é o Amor puro, sem pecados originais, mas com a inocência dos rebentos que nos diplomam, como um astro que reduz no espaço celestial, no que chamamos com P maiúsculo, de certificado áureo de ser Pai! Pois aí seremos aquele vinho de boa cepa, macerado, fermentado e acondicionado nas barricas ideais, que quanto mais velhas e apuradas, nos tornam vinhos dignos de sermos apreciados e degustados, nos apresentando a nossos filhos não como bíblias dogmáticas a serem seguidas ou obedecidas cegamente, mas por sermos merecedores pelo exemplo que deixamos e praticamos no nosso breve existenciar terreno.

Publicado no Facebook em 12/08/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 05/04/2020
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