COMO SER CANDEEIRO SE A LUA NOS VÊ O ANO INTEIRO?
COMO SER CANDEEIRO SE A LUA NOS VÊ O ANO INTEIRO?
Se estamos no escuro, sem rumo nem cores,
Como seriam os sabores dos frutos que brotam,
No topo das copas das plantas sem flores,
Se não fossem os candeeiros, com chamas ao vento.
Mas o uivo dos lobos perante uma lua,
Trazendo o tremor das imagens em lamentos,
Deixa-nos degustar nem que seja um momento,
Aquilo que para uns seria deixar um carteiro sem rua.
E para entregar seu pensar sob um selo,
Numa noite de sonhos sob um candeeiro a luzir,
Nem mesmo o luar pode ver seus cabelos,
Pois numa Lua de Sangue pode até se ferir.
Como ser candeeiro, num sertão tão ventoso,
Se não fosse a lua, a nos brindar, tão bondosa,
Nos dando a luz que colhe do sol, generosa,
Para passarmos com sopros de arrepios a sentir.
Se não estamos nesse mundo errantes e sozinhos,
Já que por todo canto nós temos nossos vizinhos,
Que surgem como frutos na plantação de uma rama,
Que nos mantém acordados na cama,
Esperando o luar vir a nos atingir.
Construiremos sempre nossos ranchos nas sombras,
Dos morros altos com grandes árvores a nos refletir,
As flechas de luz que proveem da lua mansa,
Que toda nua, são como telas sem tintas para tingir.
E o ano inteiro, com suas fases de nova a cheia,
Seremos luz da lua, candeeiro ou candeia,
Que fazem ser nossas noites aconchegos pra ceia,
Descanso e paz, como um amor se vê na cama surgir.
Mas continua a sina de uma vela ou do candeeiro,
Mesmo a lua nos vendo durante o ano inteiro,
Pois as nossas árvores nos sombreiam a casa e o terreiro,
Fazendo nossos olhos, corações e altares,
Necessitar de luz que nos faz reluzir.
Publicada no Facebook em 28/07/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 05/04/2020
Alterado em 05/04/2020