× Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
TEREMOS MAR OU ESSE ATERRO É O FIM?
TEREMOS MAR OU ESSE ATERRO É O FIM?

Quando a indústria petroquímica não era tão avançada, convivíamos comercialmente com embalagens bem rústicas, que geravam certos tipos de danos ao meio ambiente, mas provinham de fontes renováveis, como a celulose.

Comercialmente, no Brasil, até a década de 70, do século XX, muitas coisas eram transportadas em embalagens à base de madeira, proveniente de reflorestamentos com pinhos ou eucaliptos, ou em caixas de papelão. E isso não só tinha reflexos na área varejista, mas exigia da população uma certa reserva de embalagens, como sacos de linhagem ou de tecidos, quando não sacos de papel, para o transporte de compras, como os grãos, farináceos, pães e demais produtos que eram comuns em mercearias e pequenos mercados, onde eram vendidos à granel, muita das vezes.

Se íamos comprar arroz, feijão, farinha, açúcar, sal e outros gêneros alimentícios similares, o fazíamos em compras sem embalagens padronizadas. Tudo era armazenado em caixotes ou gaveteiros, de onde eram pesados no ato das compras, sendo embalados em sacos de papel ou de tecidos.

Quando nossos pais nos mandavam às padarias, para a compra do pão matutino ou vespertino, nós levávamos sacos de tecido, que eram fechados através de cordões, para não pagarmos pelas caras embalagens de papel. Assim, haviam padarias que davam um bônus na quantidade de pães, se levássemos a nossa própria embalagem.

Hoje, em pelo século XXI, olhamos para esses idos tempos e percebemos as dificuldades daqueles anos, mas também notamos que quase não haviam embalagens plásticas, talvez por ser incipiente a indústria nacional petroquímica, o que tornava caro termos embalagens mais práticas, como as da era do polipropileno e do plástico.

E assim, de certo modo, não gerávamos tanto resíduo de embalagens, que hoje são descartadas em volumes quase imensuráveis e desproporcionais para a capacidade de decomposição que a natureza tem. Isso porque um plástico demora muito tempo para se decompor naturalmente, exigindo que a reciclagem seja permanente e não eventual, além do que a coleta do lixo descartado não só pelas famílias, mas sobretudo pelas empresas comerciais e industriais, precisa ser seletiva, facilitando a reciclagem de tudo.

O lixo no mundo está atingindo níveis tão alarmantes, que já começa a desequilibrar não só os ambientes terrestres e atmosféricos, mas também já atinge de modo feroz e mortal os oceanos, preocupando os estudiosos e ambientalistas, pois já causa danos à biodiversidade em patamares superiores ao do uso predatório que fazíamos da natureza, como a caça e pesca de modo descontrolado, que extinguiu e ainda ameaça inúmeras espécies da fauna e flora.

Se continuarmos com esse esgoto inconsequente, pautado na busca desenfreada por conforto e luxo, além de um consumismo desnecessário e pautado na ganância exacerbada que a grande mídia insufla e inocula no ideário do ser humano, estaremos fadados a não termos mais um mar ou os oceanos, mas sim um grande aterro de lixo que avança descontrolado para todo lado, mutilando animais e plantas, sufocando-os e exterminando-os de modo cruel e agressivo, mesmo que não o percebamos facilmente, pois estamos diante de uma situação que se assemelha ao que chamamos de fogo de monturo.

São montanhas de lixo, sucatas de tudo que fabricamos, sejam seringas descartáveis ou fraldas, pilhas e baterias com metais pesados, celulares, eletrodomésticos, automóveis, bicicletas e motocicletas, gases tóxicos, agrotóxicos e muito mais. E quase nada disso reciclamos, mas fazemos questão de amontoar ou até de guardar, como fazemos com os alfarrábios, numa cultura de inutilidade e de desperdício inconsequente, que nos faz trocar de carro todos os anos. Ou nos diz que a moda do momento é outra, nos obrigando a comprar o que nem mesmo vamos usar, como faziam as antigas famílias nos momentos de casamentos, em que se fartavam com conjuntos de louças ou talheres e faqueiros, os quais quase sempre só eram usados parcialmente ou só serviam como enfeites.

E quando acordarmos, talvez já seja tarde demais para os nossos cachalotes e filhos, pois estaremos condenados todos ao fim, como se sofrêssemos a tortura de algum carrasco ou algoz, que cobre as nossas cabeças com um saco plástico, nos tirando o oxigênio necessário, ou nos entopem a boca ou a garganta, nos impedindo a nutrição alimentar, nos dizimando pela inanição total que virá com o fim da fonte e origem da vida, que são os oceanos, já que a vida animal veio de lá e aprendeu a respirar sem brânquias ou guelras, mas que vai se deixar morrer pelo sufoco do lixo que produzimos e que vai degenerar a tudo, nos deixando doentes e frágeis, nos sujeitando à extinção como espécie, já que os riscos de novas doenças são iminentes e possíveis de gerar pandemias.

É preciso rever nossos costumes, buscando um novo estilo de vida e convívio, em que a ganância seja por viver e conviver, amar e ser amado, apreciando a criação de Deus, em sua beleza e qualidade, que só pode haver se reaprendermos a nos comportar, reconhecendo que nada aqui nos pertence, ou como muitos dizem: tudo aqui nos foi emprestado e nos cabe zelar, para que nossos descendentes também possam usufruir do direito à vida.

Publicado no Facebook em 27/06/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 05/04/2020
Comentários