ESPERANÇA É COMO UMA ORQUÍDEA QUE SE PLANTA NA ALMA.

Como são de rara beleza, as orquídeas costumam ser cultivadas por colecionadores. Mas o mais interessante nelas, além da graça, é o seu modo de sobrevivência. De como elas se aparentam, mas realmente o são. E isso é o seu diferencial maior, pois ela se prende a muitas outras espécies vegetais de grande porte se comparadas a elas mesmas, seja em arbustos ou árvores dos mais variados tamanhos, sempre em busca da luz, mas se nutrindo da matéria morta que fica sedimentada sobre os galhos ou também sobre as rochas e escarpas, com suas fendas que acumulam água e demais resíduos que as alimentam.

Apesar das "Orchidaceae" florescerem em quase todo o globo terrestre, nós temos na Chapada Diamantina, no interior da Bahia, um dos seus locais preferidos para se exibirem, pois elas são o contraste com os leitos arenosos e rochosos do serrado, dando cor às rochas nem sempre reluzentes, mas também se mostrando sobre as gameleiras frondosas e outras árvores de galhos sinuosos e de ciclos de folhagem adequados aos períodos de chuvas e de estiagem.

Cultivar orquídeas é um prazer que não deve se restringir a colecionadores ou comerciantes, mas também deve se impregnar naqueles que vêm o ser humano como um animal extremamente adaptativo, de grande maleabilidade, e de muita vontade de viver.

E esperança seria o termo mais correto para se associar às orquídeas, pois elas podem ser plantadas nas nossas almas, onde acharão sustento e nutrição sem nos parasitar o espírito, mas ao contrário, se alimentar nos dejetos que nos envolvem ou nos adoecem, como limo ou crostas sem serventia, mas que ajudam as orquídeas a nos embelezar e a nos esperançar.

Por esse aspecto comensal das orquídeas, como alguns pássaros para os rinocerontes, zebras, equinos, asininos e muares, ou as rêmoras e a sua relação com os tubarões e as tartarugas, podemos abstrair que essa tão necessária esperança, que nos anima e nos conforta, nos dá rumo e sentido ao existir, possam também ser comparadas às orquídeas, que estarão a ser sombra e beleza, como colares de brilhantes a adornar a nossa majestade terrestre, tornando nossas almas mais orgulhosas do tempo em que passeiam pela dimensão de vida terrena, nos embelezando com suas pétalas, que seriam como plumas de um faisão ou flores de primavera no sertão, que cercadas pelas abelhas em busca do pólen que se tornará mel, adoçarão o nosso existir.

E esse doce existir, melificado pelas abelhas, se equilibra e contrasta com a rudeza e aspereza das orquídeas, mas traduz o sentimento de que, com paciência, amor e carinho, mesmo cercados com espinhos, pedras toscas ou galhos retorcidos, arbustos feridos, emoções a nos conflitar os sentidos, que se debatem nos cinzentos dias de inverno que podem afligir nossas almas, estarão os dotes valorosos das orquídeas, como a nos dizer: plantemos esperança na alma e nos maravilhemos com o reluzir das primaveras e verões, que darão luz e energia para a vida.

E essa vida, precisa ser vivida cheia de esperanças, pois é o que as orquídeas estão a nos dizer, que nas trilhas em que persigas, seja a pé ou sobre romanas bigas, nossas esperanças são amigas, que nos ajudam a achar os motivos e razões para viver!

Publicado no Facebook em 04/06/2018