BARCO À DERIVA SEM VIVER, SÓ AFUNDAR
BARCO À DERIVA SEM VIVER, SÓ AFUNDAR
Tentar caminhar e querer navegar,
São ações que se chocam sem destinos,
Pois só mesmo em loucos desatinos,
Elas podem ocorrer nesse lugar.
São caminhos tentados sem um mastro,
Sem as lonas, as velas ou um rastro,
De caminhos de águas sem ter limos,
Pois na terra não há como flutuar.
Não consigo enxergar brisa ou ar,
Só escuros da alma, num carrilhão,
Sem poder ter na música um bordão,
Vento sopra calor sem refrescar.
Tento pois, enxergar meu raciocínio,
Sem nem ter mais o mesmo tirocínio,
Estou farto da luta sem amparo,
Vendo o fundo do poço num calvário.
Pois desejam meu fim agora então,
Que me faz como Cristo e Barrabás,
Onde o meu inimigo era um irmão,
Mas me quer com a faca por detrás.
Não sei mais caminhar nem navegar,
Como um barco à deriva sem viver,
Tudo está como cobra, um satanás,
Só o que resta mesmo é o morrer.
Derivar sobre terra ou água então,
Esquecendo a faca do irmão,
Que se põe bem diante num sermão,
Onde me querem já cego sem viver.
Vou seguir numa nau sem porto, à pé,
Sina mais desigual que nem Noé,
Viajando sem rumo em turbilhão,
Para estar com Deus Pai no reviver.
Minha alma esta em prantos mil,
Pois nem mesmo estrada já não há,
Tem bloqueio para eu ir caminhar,
Sinto a dor no meu peito por um fio.
São as dores de lágrimas sem um bar,
Pois beber nem vai me adiantar,
Corrimão já não tem no caminhar,
Vento sopra o patíbulo, vejo o rio.
Logo abaixo da prancha, vem o ar,
soprando o meu todo devagar,
Vejo o fim logo num facho a afundar,
Foi o fogo queimando meu navio.
Nem o rio vou poder atravessar,
Ou nas dunas de areia passear,
Pois inerte meu corpo irá ficar,
Vem a morte queimar o meu pavio.
Volta o barco a deriva sem viver,
Fui escravo sem mesmo entender,
Pois da vida nem tive o alegrar,
Só restando afundar sem um porquê.
Publicado no Facebook em 26/05/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020