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OS PORQUÊS DA SERRA DO MUTUM SER TÃO TEMIDA
OS PORQUÊS DA SERRA DO MUTUM SER TÃO TEMIDA.

São muitos os questionamentos sobre a Serra de São Cristóvão, localizada na BR-116, no município de Jaguaquara-BA. Ela também é conhecida popular e nacionalmente por Serra do Mutum. Fica especificamente entre o km 637 e 644, pelo PNV/DNIT anterior a 2010.

Questiona-se o volume de ocorrências de trânsito, desde incidentes e acidentes, assaltos, traçado perigoso, pista escorregadia, falta de acostamento em um dos lados, canais de sarjetas profundos e sem cobertura, sistema de drenagem adequado para conter o volume de águas pluviais, áreas de escape niveladas e com amortizadores de velocidade, como as caixas de brita usadas em F-1, duplicação das pistas com separação por coluna de concreto, sinalizações de advertência aos riscos, com indicação da extensão do perímetro, mudança de altitude, ocorrência de neblina em determinados horários ou períodos do ano, dentre outras providências necessárias.

O histórico de vítimas fatais no Mutum é alarmante, inclusive porque impactam nos índices gerais do trecho circunscricionado à Polícia Rodoviária Federal, que possui nele uma Delegacia com dois postos, denominados UOP, todos instalados na BR-116.

Os acidentes não são diários, mas normalmente geram vítimas fatais ou por lesões, que exigem bastante das unidades hospitalares de emergência da região, principalmente no município de Jequié.

O trecho é característico pela predominância de veículos de carga, inclusive as de produtos perigosos, mas ocorrem muitos eventos envolvendo também veículos de transporte coletivo de passageiros, automóveis e motocicletas.

Quando os acidentes mesclam essas categorias de veículos, a probabilidade de vitimados é quase certa, além do danos materiais que também ficam sujeitos a saques e assaltos.

A Serra tem um perfil que inicia-se com 707 metros de altitude e um final de um pouco mais de 357 metros de altitude, apresentando 350 metros de declive, em 7.000 metros de extensão de pista, que é bastante sinuosa, embora apresente três pontos de reta, onde em dois deles há possibilidade legais para ultrapassagens, muito embora no atual momento de 2018 estejam com sinalização impeditiva.

O problema de se impedir as ultrapassagens num determinado trecho, visando a redução de acidentes, é que tende-se a concentrar o volume de tráfego, levando os motoristas de veículos de pequeno porte a se afobarem, o que induz ao descumprimento da sinalização, principalmente por temor de ser atingido por veículos de carga que eventualmente percam suas condições de frenagem e controle da velocidade.

Há um tipo de situação que também merece ser evocada, já que o volume de veículos movidos à diesel é alto. Há muitos postos de combustíveis antes e depois da Serra, o que faz com que muitos veículos passem pelo trecho com os tanques cheios e proporcionando algum gotejamento de diesel sobre o asfalto. Esse diesel derramado infiltra na porosidade do asfalto, nos momentos em que o tempo está bom. E, como o diesel é mais leve do que a água, nos momentos de chuva leve ou garoa esse material impregnado acaba aflorando, sem ser lavado apropriadamente, o que deixa a pista bastante escorregadia.

Somente quando as chuvas têm bom volume pluviométrico é que esse resíduo de combustíveis é retirado totalmente do leito viário, mas em compensação deixa os riscos de aquaplanagem aumentarem, além da visibilidade para trafegar.

Se houvesse a duplicação da via e a manutenção de acostamentos, bueiros e canais subterrâneos, com sarjetas tendo cobertura de concreto gradeada para drenagem eficiente das chuvas, e áreas lindeiras niveladas para trazer a segurança em eventuais escapes por perda do controle veicular, nos teríamos raros acidentes.

Inclusive, as autoridades são negligentes no assunto sinalização de advertência, pois o trecho da Serra não tem alertas fundamentais para uma melhor precaução por parte dos usuários da rodovia, que deveriam ser informados tanto sobre a extensão da Serra do Mutum, mas também de todos os riscos já elencados, buscando atitudes preventivas e necessárias.

Basta dizer que certa feita, um carreteiro envolveu-se em um acidente gravíssimo por estar com o veículo apresentando problemas de freio já há mais de 100 km de distância. E como o motorista não tinha costume em viajar para o Nordeste do País, ele não sabia que teria de enfrentar a Serra do Mutum à sua frente, quando estava retornando para o Sul do Brasil. Isso fez com que, de modo não responsável, ele tivesse postergado a manutenção em oficina, pois previa corrigir o problema em Jequié ou Poções, mais ao sul da serra. E o resultado foi a falha dos freios na descida, que gerou um acidente de grande repercussão, envolvendo seis outros veículos.

Esse foi um dos tantos acidentes da longa história da Serra de São Cristóvão, que a tornaram tenebrosamente famosa, de Norte a Sul do País, mas que depende hoje de intervenções urgentes por parte da concessionária que atua no trecho, que possui problemas estruturais severos, como a micro e a macro drenagem do subsolo da pista, que eventualmente sangra, por minadouros que rompem o leito asfáltico em vários pontos, e que sofrem o impacto dos veículos de carga, que trafegam em número acentuado e com excessos de peso, os quais ao serem tracionados em aclive, geram deformidades que se parecem com verdadeiros canais, divididos pelos apelidados camaleões ou borrachudos.

Outro problema que se evidencia em trechos longos de aclive tem haver com a segurança pública, pois os veículos de carga tendem a atravessá-lo em baixa velocidade, no sentido baixo-alto, que aqui é Sul-Norte, o que impõe riscos de assaltos a todo momento. E a PRF do trecho não dispõe de efetivo policial suficiente para garantir a sensação de segurança que cubra todas as rodovias federais da região, e muito menos do trecho específico da Serra do Mutum e de outra serras próximas, que são as Serra do Cem e das Andorinhas, já que patrulha as BR-116, 330 e 420, com um efetivo ínfimo, como é a realidade de toda a malha viária federal, sujeita ao DPRF, que opera em mais de setenta mil quilômetros de rodovias, com um efetivo disponível para os plantões que não chega a 6000 policiais, em revezamento 24x72h, dos seus 10.098 cargos oficiais, já que o restante dos 6 mil estão em atividades administrativas ou de férias e outros afastamentos.

A União, há mais de 10 anos, criou 3.000 vagas policiais para a PRF, que nunca foram preenchidas, sem falar que não dotou o corpo administrativo do órgão com servidores específicos, acabando por ter que desviar policiais da atividade fim para a atividade meio, fato comum que ocorre em todas as corporações policiais brasileiras, mas que na PRF ainda é mais impactante, pois seu efetivo também é utilizado pela União em intervenções fora das rodovias e apoio ao IBAMA, RF, MPF, MTE e JFT, dentre tantos outros órgãos. É preciso mudar esse estilo de gestão da segurança pública, da malha rodoviária e do trânsito brasileiro, devolvendo com reais benefícios os impostos pagos pelo sofrido povo tupiniquim.

Publicado no Facebook em 20/05/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020
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