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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
ACORDAR TRISTE PARA REFLORESCER COM NARA
ACORDAR TRISTE PARA REFLORESCER COM NARA

Engraçado é acordar triste e sem vontade alguma. Sem saber pra quê ou porquê acordou. Tentando enxergar algo além do próprio olhar e perceber que precisa do apoio dos óculos, que já não sabe onde está.

Acordar sem rumo e sem prumo, é sentir-se desnudo, mas também sem pudor, pois nem mesmo o suor das axilas convidam para um banho reparador, que talvez trouxessem novamente o reconectar, o reconhecer, o alvorecer do ânimo a se revigorar.

Mas perdura a névoa, que só permite tatear para conseguir caminhar, pois não só a vista se embriaga, mas a vida se estraga como num jornal que não se entrega, e carrega apenas as notícias do passado que também já não interessam.

Mas qual graça mesmo é que há, se estou a vislumbrar sem enxergar, tocar sem perceber, como se buscasse degustar sem as papilas? É como ter o corpo inteiro e não ter os sentidos, sendo massa sem recheio, pão sem condimento, jornal de folhas impressas sem tinta, onde os dedos não são hábeis para perceber as saliências e reentrâncias dos tipos que lhe prensaram.

São tempos de amargura, sem saber se o declamar ou o calar são suficientes para sobreviver. São lágrimas que nem sempre brotam ou escorrem, encharcando o corpo por dentro, sufocando a alma em lamentos, que está prestes a implodir. Implodir como uma estrela que murchou, depois de tanto se agigantar. Sem saber se toda essa energia concentrada vai gerar outra estrela, ou vai nebular pelo vácuo sem destino imediato, sem saber pra onde vagar.

Hoje eu acordei cansado, mesmo tendo descansado, mas sujeito ao passado, que não arreda do lugar. São torturas diárias que lamento, pois cada fragmento da vida me faz chorar.

Não sei se tudo isso é chegada ou despedida, mas não tenho a medida de extensão que a ferida provocada pela lida se esvaia pra dentro ou permita o meu sangrar, como a expelir a salmoura dos tumores, pra curar os fétidos odores que as doenças deixam no ar.

É preciso abrir as frestas, portas e janelas, para arejar não só os ambientes, mas as almas que sentem as agruras dos corpos. Arejar a alma é dar nova chance pra vida, que se entrega às sensações momentâneas das flechas e lanças que turvam o céu em precipitação sobre a caça, permitindo que a couraça do pequeno jabuti suporte suas pontas perfurantes, como se pudesse resistir ao furor dos inimigos, se grudando ao chão e às locas, para curar as feridas ocorridas ou almejadas pelos inimigos que lhe cercam.

E que essas locas sejam dutos com saída, de frestas já preparadas para o recomeçar. Pois o passado, quando é morto pela inveja, nos permite a loucura de buscar numa nova aventura, vinte mil léguas percorrer. Mas que não sejam num submarino, e sim chorando ou sorrindo, sobre a terra em novo alvorecer.

Que essas novas léguas, as quais usávamos como medida, sirvam de colo e de guarita para tudo florescer. Em distâncias exequíveis, onde possamos temperar as panelas com pitadas de amor e carinho, contrastando com o ardor das urtigas e espinhos de outrora, para celebrarmos os novos manjares.

E esse intento eu partilho com quem amo, pois o que pra muitos foi engano, me ofertou o seu melhor. Sendo mastro e timão, construindo com as mãos, a âncora pra minha vida, onde eu vislumbro praias de claras areias como acolhida, onde as tartarugas guardam seus ovos na medida para em vida converter. Após as suas léguas de viagem ao redor do mundo, retornando sempre ao epicentro do vulcão que não transborda lava e cinzas, mas esperança e espasmos de alegria, que a todos contagia, elas chegam com galhardia para tudo acontecer.

E só agora, após declamar essa agonia, é que me permito abrandar a melancolia do meu amanhecer, para me permitir reflorescer de esperança numa tarde sem igual, onde o amor seja o principal, a marcar a vida dos que se consagraram juntos, desde o mais profundo dos tempos, de todas as dimensões e arrebatamento, como a cantar com a melodiosa voz da homônima Nara, pois essa de cá, que não é Leão, é como as leoas cancerianas, de talentos e sorrisos, pois por onde piso, me trazem elogios, em loas e cantos, declamados aos tantos, pelo que ela representa no ajudar a dar norte pras bússolas que lhe procuram, com seu imã encantado e encantador, sendo seta para os caminhos a trilhar, horizonte a se descortinar. Ela é a Nara do meu lar, que ampara o meu viver, leoa que guarnece o meu amar!

Publicado no Facebook em 10/05/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020
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