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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
NATALÍCIO 54, NO QUARTO DE MAIO.
NATALÍCIO 54, NO QUARTO DE MAIO.

Pensar no natalício, sem se perceber vivo,
Ou talvez não ver a vida como um Natal.
Engraçado é se olhar num espelho,
E não enxergar uma imagem real.
No vapor do chuveiro, fumaças espalho,
Reajo, revivo, nem sei, passo mal.

Nesse segundo dia bendito, levado de carro,
Chovendo eu esbarro em um temporal.
Temporal no juízo, doutor eu encaro,
Estradas espalho, chorar sem igual.
São lágrimas de dor, que custam tão caro,
Falar do passado, presente quase fatal.

Sem noção do futuro, vôo contra o vento,
Não sou mais rebento, nem velho animal.
Mas ao mesmo tempo, o túnel enfrento,
Sem certezas na vida, apenas lamento.
Me sinto como montado sobre um jumento,
Sem servir nem pra lida, sou charque afinal.

Sempre olhei para o passado,
Que passou tão veloz, tão ligeiro.
Sem mais ter um motor pro arado,
Nem plantei melancia primeiro.
Nem tenho mais o que me foi roubado,
Está tudo largado, o ano inteiro.

Sonho meu que eu mesmo gritava,
Se foi, como o sertão seca a lua,
Desfolhando até mesmo a alma nua.
Mandacaru se não fulora, fere ou furava,
Sombra sem encosto, é beira de estrada,
Pra ancorar o barco que navega na rua.

E o navegar sem vento e corredeira,
Sem vinho, charque, uma cêpa ou uva.
Cipó caboclo nunca foi aroeira,
Morão tá fraco, já foi pra lareira.
Milho tem não, faltou leira e a chuva,
Pra José e João, acender a fogueira.

Queimando os sonhos e toda verdade,
Só se vê mentiras, que nojo de vida.
Viver como isca em rios de traíra,
Forjando punhais, traição e maldade.
Amor já não tem, só mesmo fala a ira,
Buscando o poder e costurar falsidade.

Vendo nos olhos, é o cinco e o quatro,
Germinar sem por pelo menos fermento.
Parto não maduro, bem antes do tempo,
Pra nascer, era julho, ou já é quarto de maio.
De quase caixão, viveu em banho unguento,
Sem fralda, algodão, sobrevida, um raio.

Raiando a pouca esperança do dia,
Sem ver cama, manjedoura balança.
Incubadora nem mesmo existia,
Vida de família sem cobre, heresia.
Tudo era do rico e ao pobre carestia,
Sobreviver, só com muita lambança.

Publicado no Facebook em 03/05/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020
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