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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
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TIRANDO A TAMPA DA PANELA PARA DESCOBRIR O TELHADO DE PALHA DO BRASIL
TIRANDO A TAMPA DA PANELA PARA DESCOBRIR O TELHADO DE PALHA DO BRASIL

Quando abrimos uma panela, que tem pito e apito, mas está sobre as chamas do gás, ou brasas ardentes, sem silvar ou lançar ao vento o vapor represado, poderemos encontrar esturricado tudo que esperávamos servir de alimento, pro sustento de todos.

Tirar a tampa é como abrir os olhos, e perceber quão é frágil os telhados trançados de palha que cobrem os palácios do poder nacional. Sem barro ou cerâmicas, queimadas na fornalha das olarias, num contraste com as folhas secas dos coqueirais, que se consomem ardendo quando se deixam expor ao fogo que flameja nos covis de hienas traiçoeiras, que não se nutrem dos restos permitidos pelos felinos altivos, mas que estão a se banquetear com o melhor do açougue, temperando o filé com o sangue e suor do povo brasileiro, nos devorando mau passado ou ao ponto.

Como por analogia, só percebemos servidão e desastre, num país que deseja se sentir independente, mas só vive de cópias de modos de vida de outros povos, que têm suas origens e bases políticas ou doutrinárias que constituem suas leis nos moldes consuetudinários, ao contrário do que buscamos como regra. Aqui nos travestimos de Estados Unidos do Brasil, prestamos continência ao lábaro norte americano, entregamos nossas florestas e sua seiva medicinal, além dos seus veios minerais para que os amigos das onças se regozijem juntos aos traidores da pátria, que se maquiam com o verde oliva, o azul anil e o branco das garças.

E como se não bastasse, todos nossos empreendedores e cientistas parecem cegos botando vendas, para que os aleijados roubem.

No atual estágio de falência moral e ética em que estamos chafurdados, ainda teimamos em rifar nossas riquezas e nosso parque industrial e tecnológico para as multinacionais, nos deixando à beira do abismo, onde nossos rios e cascatas só alimentarão os mares europeus, norte americanos e asiáticos, pois fizeram questão de trucidar nossas escolas e nossa índole virtuosa de um povo com sede de cidadania, nos retrocedendo ao estágio cabisbaixo de servidão que já nos massacrou por quase cinco séculos.

Até quando daremos guarita aos larápios que se mascaram de realeza e de temência a Deus, criando bancadas palacianas e parlamentares que defendem a tudo, menos ao povo, notadamente nas quadrilhas de togas, jalecos, paletós, chapéus e selas, tratores e arados, mas praticam a escravidão dos humildes e até dos letrados que não sejam detentores do poder econômico e político?

Comemorar independência no papel, comprada e não conquistada, que mata seus Zumbis, Tiradentes e Conselheiros, é fácil. Difícil é sermos autênticos brasileiros, e pensarmos primeiro numa independência de verdade, colocando trilhos e não montadoras, edificando câmaras frigoríficas e silos, viabilizando o beneficiamento do que produzimos e sabemos fazer, sem nos submetermos ao escárnio de entregarmos de graça o nosso ouro e filé para o banquete dos reis estrangeiros, que por aqui passam ligeiro, como os anjos da morte a ceifar as almas penadas com suas lâminas vorazes, levando nossa esperança e nossas virtudes embora.

O constatável é que nos iludimos com a frase atribuída a Dom Pedro I, pois nos fez sonhar com a independência, mas nos condenaram foi realmente à morte, sem a opção decantada do OU.

A mentira foi tão estudada e urdida, que quiseram que acreditássemos em belos cavalos, ao contrário das toscas mulas, e plácidas margens, quando os riachos eram bravios e cercados de matagais quase virgens, onde os índios que campeavam livres, foram também escravizados, sem nenhuma noção de humanidade, como se fossem simples primatas de outrora, nem lhes dando o direito de serem reconhecidos como homo sapiens sapiens.

Cabem muitas reflexões sobre nosso momento, mas estamos como o jumento, que nos dias atuais se passa por agourento e atraso de vida, pois depois dos carros e motos, já não lembramos da sua serventia, que até o Rabi Jesus Cristo dispôs em alguns momentos.

É preciso reescrevermos nossa história, com heróis de verdade, e não cruéis Caxias que matam seu próprio povo, como o foi em Canudos e nos Quilombos, com exemplo nos Palmares, ou em Vila Rica, que expôs o esquartejo de Tiradentes e o quinto dos infernos, que hoje seria nada, já que nos acocham com dois quintos de tudo que laboramos, numa mais valia eterna, que substituiu o escambo primitivo, para o deleite nas brasílias e no submundo das bolsas de valores e seus lordes banqueiros, que agiotam o nosso sangue e o nosso suor tropical.

Então, que assim seja! Se não for independência, que seja a morte, mas não desse povo sofrido, mutilado no poste dos pelourinhos, com feridas profundas dos açoites sem trégua. Pois então, que venha a morte política desses lobos que nos enganaram até hoje nas urnas dos votos, como se tivéssemos só o direito funerário a elas, sem ao menos a glória dos faraós, em cortejos fúnebres até às pirâmides ou ao vale dos reis.

Vamos descobrir esse telhado de palha que cobre o Brasil, deixando o Sol majestoso, como nossa fonte de vida, a brilhar sobre nós!

Publicado no Facebook em 23/04/2018
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020
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