UM ECLIPSE NO TRAJETO, ENALTECENDO UM ARGUMENTO

Numa certa feita, na condição de policial rodoviário federal, durante um serviço de escolta de carga superdimensionada, a qual só podia transitar do amanhecer ao pôr do sol, fomos questionados sobre o por quê de se exigir faixas refletivas nas pranchas reboques, cuja intenção do legislador era aumentar a capacidade de percepção noturna do veículo de carga que estaria transitando, já que tais veículos não podiam transitar à noite?

Nesse momento argumentamos de que não só poderia haver ocorrências em que a composição veicular não conseguisse chegar a uma área de escape ou de parada, motivada por qualquer intercorrência (pane mecânica ou acidente com interdição total da via), mas estávamos sujeitos aos acasos do Universo, o qual condiciona o orbitar dos astros a um eventualmente bloquear da emissão de luzes do outro, como na relação de uma estrela e seu sistema planetário, o qual em alguns casos possui satélites em suas órbitas, causando o fenômeno dos eclipses, tornando alguns momentos de um dia ensolarado, num surpreendente anoitecer. E assim, nesse momento de magnífica escuridão, ocorreria a natural necessidade das faixas refletivas ora questionadas.

O interessante nisso tudo é pensarmos se realmente o legislador previu tais ineditismos ou fatalidades, ou fora apenas uma elucubração ou válvula de escape criada por nós, buscando defender a Lei, como se juízes fôssemos, ao dar uma interpretação quiçá inédita ao texto legal, que pecou em não ser mais contundente?

Mas que pode acontecer, isso pode! Afinal, o impossível só o é até que aconteça!

Texto publicado no Facebook em 13/04/2018