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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
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A ESCURIDÃO E O ÓDIO - PARAFRASEANDO KING
A ESCURIDÃO E O ÓDIO - PARAFRASEANDO KING

O mundo humano atual consegue o inédito contraste, de tentar resolver suas contradições com o próprio fato gerador, quando Martin Luther King foi magistral em demonstrar o necessário contrário para dar fim e razão ao que nos obscura a alma.

Nesse hoje contemporâneo, buscam soluções para a escuridão e o ódio com a replicação dos mesmos. Parece até que queremos resolver o problema da infestação de parasitas numa rés com um tiro em sua fronte, em vez de ministrarmos o remédio adequado ou o melhor repelente.

Queremos a solução para a escuridão jogando as velas e o fósforo fora. Queremos curar o ódio de nossas almas destilando o verbo contra tudo e contra todos, sem nem mesmo nos assenhorarmos dos fatos com o devido cuidado do filtro, que é necessário para purificarmos as águas que vertem de qualquer enchente, pois elas podem vir trazendo toda a sujeira do caminho que percorre.

É fato, que mais uma vez MLK tinha razão, quando nos dizia que basta expressar o que se pensa para se ganhar inimigos. Mas, a prudência dos sábios nos ensina que a melhor resposta é aquela que não pronunciamos, mas a demonstramos com sincero olhar e exemplo.

Nosso povo está carente de luz e amor, pois estamos como num lençol freático que atravessa um veio de minerais radioativos, contaminados pelo ódio cancerígeno da política e pela escuridão das profundezas de um rio que corre embaixo de outro rio, almejando a luz que viceja na superfície, pois só vemos miséria num País de grandes riquezas.

É preciso fortalecer a esperança do povo, pois o momento de uma eleição é crucial para renovarmos a confiança no futuro, já que o presente se mostra doente e moribundo. Sem derrotarmos os erros do passado, não acharemos nem uma simples estopa para polirmos o caminho que queremos ver encerado e livre para realizarmos o que, no fundo da alma de cada um de nós, todos desejam, que é a felicidade.

Na juventude, confundimos essa felicidade com vigor físico e com a imposição de meras e frívolas vontades. Todavia, a maturidade nos mostra a fragilidade da vida e seu breve lapso temporal, mas que enfrenta os temporais do nosso existir com sólidas construções de caráter e decência, com exemplos que edifiquem, e não simplesmente confrontem, egos e ambições.

O mundo não evolui no estalo dos dedos, mas na paciência do vento, que molda as montanhas, praias e rios. Como um prato de comida que acaba de sair do forno, mas pode ser degustado pelas beiradas.

Já tivemos de tudo por aqui, no campo da política de estado. Tivemos capitanias hereditárias e sesmarias, suserania a escravidão, monarquia e império, ditaduras e democracia.

Mas será que a última, essa decantada democracia, realmente chegou? Ou estamos sobre o engodo e o disfarce, como num desfile de carnaval, que no final desfaz a Cinderela e traz de volta a gata borralheira?
Quando será que a máscara vai cair e vamos poder enxergar, sem o terror da escuridão e do ódio?

Estamos à espera da conspiração do tempo, para que dê tempo de gozarmos do tempo, que já não nos dá mais tempo para esmerilharmos o aço ou polirmos as gemas de esmeralda do verde de nossas matas. Pois a paciência desse povo sofredor e oprimido, nos guetos, favelas, caatinga e sertões, nas filas das escolas e hospitais, sem educação e saúde, está a se exaurir e a escorrer pelo ralo de tanta hipocrisia, egos e luxuria, dos deuses que orbitam nos palácios do Poder nacional, em todas as suas esferas, seja executiva, legislativa e sobretudo judiciária. E nada é diferente entre a União, Estados e municípios. Perduram o clientelismo e o descaso.

Até quando agiremos com escárnio, confrontando classes sociais e etnias, sem percebermos que nascemos nus?

Afinal, só seremos "melhores em tudo", como diria um músico brasileiro, do Jota Quest, quando quebrarmos os estigmas que trazemos arraigados à nossa formação do caráter, valorizando o contexto de ser brasileiro, e não de sermos ricos ou favelados, brancos ou negros, doutores ou analfabetos. Valorizando também a ética e a moral, respeitando a todos como se estivéssemos perante um espelho, em cujo reflexo está quem amamos em primeiro e primordial lugar.

Não é fácil essa tarefa, num mundo onde muitos de acreditam deuses e semideuses, numa certeza de onipotência e imortalidade, por total falta de noção e reconhecimento de humanidade, de olharmos para nossos umbigos e nos vermos como verdadeiramente somos, frágeis e mortais, de tão perene que é a vida.

Assim, me descubro cada vez mais despojado da veste do ter para buscar o ser, não mais do que ninguém, para o viver de contemplação, luz e amor, embora minha alma tenha espasmos de agonia por me sentir sufocado pelos que destilam ódio, rancor, inveja e mentiras! Então choro!

Publicado no Facebook em 11/04/2018.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020
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