ESCULPINDO PENSAMENTOS NAS ROCHAS DOS COMETAS
ESCULPINDO PENSAMENTOS NAS ROCHAS DOS COMETAS
Em certo momento da vida nos cansamos de declamar ao vento como se quiséssemos falar algo enquanto o nosso carro, sem teto e parabrisa, desloca na estrada em velocidade alucinante. E passamos a sonhar com o eternizar do que pensamos.
Todavia, os sonhos acordados são pensamentos que, se declamados em frente ao mar ou em desfiladeiros a ecoar, para o frio do inverno não permitir que ouçam o seu soluçar, serão como lutas travadas em vão, ensinamentos perdidos por pura emoção ou angústia, de não enxergar o que precisa se eternizar, pelo que vai valer a pena pro nosso estar em cena.
Mas isso pode ser hoje ou no sem fim, se esculpirmos pensamentos nas areias com marfim, como se elas ainda estivessem nas rochas meteóricas dos cometas a bailar no entorno do Sol, eternizando o tudo que sabemos ou queiramos que outros também o conheçam, pelo não saber quando será o impacto ou o adentrar já fracionado na atmosfera do planeta, que aumentará as areias das dunas que permeiam nossos sonhos, embaladas pelos ventos que ainda castigam os parabrisas, nas estradas de rallys das nossas breves vidas.
Como o pequeno príncipe no seu mundo imaginário, me vejo em meu mundo único, no qual me olho como se fosse um escultor que estivesse na esteira dos cometas, a gravar minhas vinhetas do pensar para o eterno, que no éter dos mistérios deixam vagar em elipses sem ocaso, mas esculpindo por acaso, para vos testemunhar, os pensamentos de quem sonha com nossa história tão medonha, desde até a Babilônia, ou bem antes a reinar, em núcleos humanos de feroz trato para vida, que não conhecia acolhida, para um dia descansar.
E eu pousava meu pensar em todos Halleys, que somente são os mesmos, e apenas passam no mesmo lugar. Mesmo em ciclos que nem mesmo os reveremos, pois o existir aqui muda pelo simples vivenciar. E os setenta e seis anos pros retornos ao mesmo plano, podem ser tão levianos, que não possamos aguardar.
Por isso urge que usemos ferramentas filosóficas como pimentas, que arderão todo pensar, de quem irá se deparar com o que penso, nem que sejam meus lamentos, mas que lá irei gravar. E gravarei na parte oculta do cometa, enquanto dura a rotação, sem estar em exposição ao calor feroz solar, para que quando os primeiros fótons de energia nos alcance, exploda tudo e num relance, meus pensamentos vão voar.
E esse vôo alcançará a vida que arde pelas pimentas, como a tarde, que queimam as costas sob o sol de todo um dia, tendo areia e maresia, com o vento a salpicar. Mas deixam marcas e suor que a leitura embaça as vistas ou apura os sentimentos a acalentar. E nossas vidas valerão a pena um dia, mesmo com areia e maresia, pra entender o meu pensar, de pensamentos esculpidos na orgia, que são cometas em travessia, pelo espaço sideral.
E o mais gostoso de tudo isso é sonhar com o rebuliço que os pensamentos esculpidos nos cometas virão trazer, como feitiços que mudarão todo pensar, dos que só acham que comer capim e alfafa, simplesmente só lhes basta para querer governar. E o impacto desse cometa filosófico mexerá no antropológico de todos a sonhar, para que percebamos o que realmente somos, que herdamos e seremos, com a chuva ou os serenos dos cometas a nos banhar.
Publicado no Facebook em 17/05/2018
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/04/2020