O NADA DA VIDA
No nosso início dos tempos,
O homem era pobre e humano,
E hoje ele tem documentos,
Mas sendo um podre engano.
Antes ele vivia com os bichos,
E não se iludia com a vida,
Pois comia só resto de lixos,
Porque ninguém lhe convida.
Só mais tarde acendeu o fogo,
E uma sala de aula se abriu,
Mas seu ego o deixou louco,
Que até o coração lhe fugiu.
Se perdeu entre flora e fauna,
Só pensando comer de tudo,
Ou querendo por tudo na jaula,
Sem saber seu futuro de luto.
Tem um amigo iludido pela fé,
De que seja o amor assumido,
Mas descobre quem é jacaré,
Após ver seu regalo comido.
Mas a vida é de altos e baixos,
Como a maré e as fases da lua,
E o povo vai como os riachos,
Pois a água não volta da rua.
Tudo segue o sentido dos astros,
Onde a volta é depois e longeva,
Mas o tempo de nossos rastros,
Só o vento dirá quem conserva.
Quem viveu pensando ser rei,
Acordou apenas para morrer,
Pois nasceu sem dia ou lei,
Pra morrer sem saber viver.
Não há tempo para saber tudo,
Nem espaço para se enxergar,
Pois somos a fumaça do culto,
Que anuncia o que já não há.
Se queimaram aquela floresta,
Hoje sobra os sais do deserto,
Que gelaram o corpo e a testa,
Sem saber que o couro é resto.
Foi assim que o mundo acabou,
Desde o tempo de Nossa Senhora,
Pois o homem a pedra jogou,
Na lascívia gerada da história.
Só que tudo escrito tem dono,
E a miséria sobra para o fraco,
E o engano não virá de um sono,
Mas do pesadelo posto no prato.
Vai faltar comida pela ganância,
Pois desamor é uma gema fedida,
Se a pureza ficou lá na infância,
Ou o ódio veste a alma perdida.