SANGUE NA CENA
Talvez seja fria a estrela,
Se for feita de um sonho,
Ou caso eu venha a sê-la,
Na dor que me exponho.
Talvez não haja esperança,
Pra viver de paz e harmonia,
Quando a fome é festança,
E a vidraça nos dá agonia.
Teria de não sentir calafrio,
Ou ao menos não ter temor,
Quando o chão é duro e frio,
E a angústia é árduo calor.
Seria como a temperança,
Que teria só paz e amor,
Mas tudo é afeto à ganância,
Que gangrena até minha dor.
Talvez haja paz algum dia,
E virtudes que valham a pena,
Mas sei o que escorre na pia,
Quando vejo sangue na cena.