VIVER DAS ESCOLHAS
Nascemos sem poder escolher,
Embora vivamos de escolhas,
Mas o que mais preciso saber,
É que somos apenas as folhas.
O tronco é feito nas eras,
E as folhas apenas nos anos,
Mas a cultura que ora impera,
Vem da mistura e mudando.
Tudo que pensem no agora,
Já foi diferente a mil anos,
Pensando que agora melhora,
Mas todo tempo é de enganos.
Quem acha que é novidade,
Nem sabe da vida lá atrás,
Se hoje nós temos vontade,
É certo que a sombra nos trai.
São as sombras da ferocidade,
Que as almas carregam no gen,
Pois tudo é cíclico, mas é grade,
Que prende de ontem ao além.
Matamos até mais de mil vezes,
Perecendo nas mortes causadas,
Mas a vida só será de prazeres,
Entendendo de roda e estradas.
É preciso saber os caminhos,
Para não se perder na floresta,
Se Maria e João tinham milhos,
Que serviram às aves em festa.
Contornar as montanhas agora,
Já não basta para se enfrentar,
Mas o quanto deixamos lá fora,
De tudo que achamos guardar.
Serei apenas um mero registro,
Sempre aberto a quem consultar,
Ao lembrar que também serei lixo,
Se não souber conviver e amar.