MISTÉRIO NA ARGILA
O mistério se faz tão presente,
Numa gota de cada grotão,
Pois aquela caverna é vertente,
Onde a água se liga ao chão.
São ponteiros de um tosco funil,
Que só cresce em dez mil anos,
Mas não há algo que seja sutil,
E por isso um toque traz danos.
Nunca mexa num estalactite,
Se você conhece meu mundo,
Porque ele nunca nos permite,
Vencer no silêncio profundo.
E o fundo da grota germina,
Não apenas o fungo que cega,
E a lança que cresce termina,
A unir tudo numa só pedra.
Desse jeito em cada morcego,
Há histórias das noites eternas,
Porque lá no fundo há sossêgo,
Quando não usamos lanternas.
É no escuro que gesto os sonhos,
Mas as cores eu guardo pro Sol,
E por isso há bichos medonhos,
Que se escondem do meu girassol.
E a procura da luz traz pegadas,
Demarcadas na argila do tempo,
Pois assim foram eras passadas,
Nas pisadas furtivas do vento.
Era o vento dos vulcões de lava,
Que não deixa nem sentimento,
Muito menos é a foice que cava,
Mas degola em seu sedimento.
É por isso que hoje há motores,
Porque todo petróleo foi vida,
Ou até se o calor tem valores,
É porque tem suor na fadiga.