LENDAS E SUBTERFÚGIOS
As lendas se formam no tempo,
E assim eu relembro os sumérios,
Com o Tigre, Eufrates e o vento,
Que Babel sussurrou em mistérios.
Quando Acádia cunhou sua argila,
E a Suméria se fez cuneiforme,
Começou nas palavras que havia,
Os poemas e todas estrofes.
Essa história retrata a enchente,
Que tragou toda terra de um vale,
Pois o mundo era tão diferente,
Que não tinha noção da verdade.
O mundo era tudo o que viam,
Só cabendo o alcance dos olhos,
Sem saber se as estrelas caiam,
Muito menos de termos Abrolhos.
Até hoje se crê em dilúvio,
Ou cometa é estrela em Belém,
Pois só crer é um subterfúgio,
E sustenta quem prega o bem.
É preciso colher nas estrelas,
Toda luz que segreda portais,
Pois há mais do que só vê-las,
Que é certo sermos algo mais.
Por isso eu creio em abraços,
Mas também no olhar benfazejo,
E desdenho da cobra no laço,
Se o veneno eu nunca desejo.