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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
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PRÓPRIO NA COR

PRÓPRIO NA COR

 

Próprio na cor pelos fótons,

Me tornei melanina e suor,

E a roupa na qual me conforto,

É vestida na Ásia Menor.

 

Relendo o odor dos sovacos,

Descobri que ninguém é melhor,

Pois branco ou preto no trato,

Somente refletem meu Sol.

 

Meu cheiro não é um retrato,

Mas somos a estrela maior,

Porque conhecemos de fato,

Que a força tortura sem dó.

 

E assim, nós pagamos por tudo,

Mas sempre é preciso acordar,

E ver que há irmãos no escuro,

Pois noite foi feita pra amar.

 

Por isso eu derrubo a senzala,

E cobro o resgate das vidas,

Pra dar liberdade a quem fala,

Que escravidão são feridas.

 

Será tão preciso as misérias,

Que a 'Praga do Egito' nos traz?

Pois levam a cor da matéria,

Mas valor é o viver pela paz.

 

E o preto perdura em reclames,

Pra ter casa, escola e comida,

Mas pelo direito que chame,

Seu povo que cobra acolhida.

 

Viver nas sequelas do tráfico,

E escravo da dor que não sai,

É algo que não será pago,

Mas deve servir de bonsai.

 

E assim, cultivando o arbusto,

Veremos porque somos gente,

Pois mesmo vivendo de susto,

A cor deturpada é clemente.

 

Pois preta é a ama de leite,

Que sofre mas cuida da gente,

Enquanto o chicote é deleite,

De um sinhozinho doente.

 

E a dura versão da maldade,

Em ferro de brasa é marcada,

Servindo a quem tem vaidade,

E aos donos da vida roubada.

 

Roubada da terra e do sonho,

Kalunga é água sem o pão,

E após ver navios tristonhos,

Queremos direito ao chão.

 

Queremos também liberdade,

Vivendo com plena virtude,

Gozando até pelas tardes,

O deleite de ter atitude.

Enviado por Poeta Braga Costa em 20/11/2021
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