OS LAMENTOS NÃO SERVEM
As guerras só forjam loucuras,
De quem perde a noção do destino,
Pois sempre há noites escuras,
Na cova de um velho ou menino.
Em cada disputa pelo poder,
Os homens batalham por reis,
Que nunca souberam perder,
Pois há os otários da vez.
Seduzem o povo com a lábia,
E as mentiras sempre vencem,
Mas são as verdades de palha,
Queimadas por quem se convence.
Em cada pátria há mais loucos,
Do que homem honesto e sincero,
E da guerra só voltam uns poucos,
Pois a foice cala seus berros.
Os lamentos não servem ao grito,
Se surtaram a cabeça no início,
Pois lutaram só mortos contritos,
Com a agonia que vive do vício.
Quem cresceu longe das paliçadas,
E não viu baioneta e seus corpos,
Talvez tenha a virtude alcançada,
Na enseada bem longe dos portos.
Vida assim eu suponho nos campos,
Sem a sanha dos conquistadores,
Onde o ganho só venha do escambo,
E o que se produz sana as dores.
Só assim a loucura nos serve,
Despojada de luxo e ganância,
Quando a água ao Sol é que ferve,
Cada sonho que tive na infância.
E o serviço de bar da loucura,
Traz bandejas sujas de sangue,
Com os restos de tosca procura,
Vendo corpos jogados no mangue.
Se vão os segredos dos igarapés,
Como a seiva do tronco que some,
Somos mortes nas trilhas da fé,
São os índios e pretos com fome.
Só relembro prendendo o desmate,
Onde o resto queria os chassis,
Ao perder essa guerra pro crack,
E até quando sou Chico de Assis.